Nesta quinta-feira (09), chega aos cinemas “Triângulo da Tristeza”, o novo filme do diretor sueco Ruben Östlund (The Square), que foi o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, sendo a segunda vez que o cineasta ganha este prêmio em sua carreira. Além disso, o longa é um dos indicados ao Oscar 2023 de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Direção.
A história do filme gira em torno do casal de modelos e influenciadores Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean), que ganham passagens para um cruzeiro de luxo, onde conhecem os mais diversos tipos de passageiros ricos. Tudo muda quando o Iate afunda e sobreviventes ficam presos em uma ilha, onde precisarão lidar com a sua nova realidade.
Uma das marcas do diretor Ruben Östlund em seus filmes é sempre trazer um sátira de humor ácido sobre a sociedade contemporânea. Suas produções anteriores, “Força Maior” (2014) e “The Square” (2017) são exemplos de críticas diretas sobre ambientes da alta sociedade, como o mundo das artes e o comportamento dos poderosos.
No caso de “Triângulo da Tristeza”, Östlund cria sua narrativa em três atos, que percorrem o mundo da moda e dos influenciadores digitais, mostrando como nestes ambientes existem a necessidade constante de aceitação e busca por riqueza para conquistar um privilégio social.
Outra questão do filme é mostrar os tipos de poder. Durante o primeiro ato vemos uma discussão de Carl e Yaya sobre dinheiro, quem ganhava mais e o machismo estrutural; no segundo ato, o poder é mais literal ao mostrar um Iate apenas com pessoas super-ricas, que claramente ditam as regras; e no último ato, o poder muda completamente de mãos, dando o protagonismo para Abigail (Dolly de Leon) uma mulher filipina e ex-camareira do Iate de luxo, que acaba se tornando a líder por ser a única a saber como sobreviver a um naufrágio. É neste momento que o filme ganha um potencial muito mais profundo para o seu discurso.
Mesmo com um roteiro afiado, o filme tem uma montagem muita abrupta, que pode incomodar por sua falta de fluidez para caminhar com a sua história, o que parece ser mais problemático para o ato final, que acaba perdendo um pouco o seu ritmo e se estendendo mais do que deveria, complicando o fechamento de uma história tão instigante.
“Triângulo da Tristeza” é o típico filme ame ou odeie. Seu enredo é seguro de si, a intenção é cutucar e incomodar, algo que Ruben Östlund sabe fazer com maestria. A ideia do diretor é abrir para discussões, fazer as pessoas pensarem nos próprios privilégios e como mudamos de comportamento dependendo do ambiente que estamos. E é exatamente essa provocação que o longa-metragem entrega, cumprindo a sua missão de forma grandiosa.