Garoto conhece garota no universo DC Comics.
Mas a história entre Arlequina e Coringa não é de amor. Arlequina abriu mão de tudo – inclusive sua sanidade – para se aproximar de um homem incapaz de amar ou até de se importar com ela. Esta é uma personagem que está, claramente, em um relacionamento abusivo, no qual seu amor a impede de perceber a situação em que se encontra.
E Arlequina não é a única. Todos os dias nos deparamos com mulheres (sim, em sua maioria são mulheres envolvidas em relacionamentos heterossexuais) que se encontram presas de alguma forma a um homem capaz de manipulá-las e exercer sobre elas um controle absoluto. Essa discussão está presente em diversas tramas no cinema e em séries de TV e é preciso nos atentarmos a elas.
Quem acompanhou a primeira temporada de ‘Jessica Jones’ pode ter uma ideia bem ilustrativa de como é ter um homem obcecado em sua cola, que manipula a mente de todo mundo a sua volta, a ponto de te pintar como maluca. Sim, essas pessoas também existem na vida real, não com o poder de controlar as mentes, mas um poder de lábia que dá quase na mesma.
Em alguns casos, a mulher é tão perseguida que é preciso forjar a própria morte para se livrar do marido que a espanca. Esse é o caso da personagem de Julia Roberts, Laura, em ‘Dormindo com o Inimigo’. Laura acredita ter encontrado o marido perfeito, até que ele faz da sua vida um inferno na terra e ela é obrigada a fugir para tentar recomeçar sua vida em outro lugar.
Almodóvar também trata deste tema em ‘Ata-me!’. Ricky, interpretado por um jovem Antonio Banderas, sai de um reformatório psiquiátrico e conhece Marina em um set de filmagem. A partir deste ponto, Ricky passa a perseguir ativamente Marina; ele chega mesmo a ponto de trancá-la em sua própria casa e obrigá-la a ser sua mulher. Apesar de falar sobre relacionamento abusivo de forma quase cômica de tão absurda, no longa há momentos preciosos da atuação de Banderas, que encarna o jovem psicótico capaz de tudo para conquistar o objeto de seu desejo.