Uma produção com um ator como Robert De Niro no elenco, chama a atenção. O ator consegue transitar com facilidade e intensidade nos mais diversos gêneros e papeis, e faz isso com uma qualidade invejável. Não é diferente com seu papel em ‘Um Senhor Estagiário’, em que contracena diretamente com a já bastante experiente Anne Hathaway.
No longa, Ben Whittaker, interpretado por De Niro, vive uma vida monótona depois da morte de sua esposa. Ben, no auge dos seus 70 anos e com um pique invejável, quer dar um sentido à sua vida, eis que então ele se candidata à vaga de estagiário sênior em uma empresa liderada por Jules Ostin, interpretada por Hathaway, que é especializada em venda de roupas online. A recém-criada empresa entende que, contratando estagiários da terceira idade, eles podem ser úteis para o seu crescimento, já que possuem bastante experiência de vida.
É aí que a história começa e ganha corpo. A experiência de Ben Whittaker é interessante e bastante divertida, contando com uma interpretação fenomenal de Robert De Niro. Anne Hathaway não fica para trás e dá seu show. Os novatos (ou não tão novatos) Zack Pearlman e Adam DeVine, que interpretam respectivamente, os personagens Davis e Jason, arrebentam em seus papeis secundários, porém importantes para o desenvolvimento da comédia. O americano Anders Holm, que interpreta o marido de Jules Ostin, Matt, também se sai muito bem, e carrega em si uma importante crítica social dentro de um mundo machista, mas que começa a enxergar os próprios defeitos.
O roteiro e a direção ficam por conta de Nancy Meyers, que coloca em foco os problemas existentes numa sociedade moderna como a que foi construída durante os últimos anos, nos fazendo a seguinte pergunta: ‘Até que ponto o teclado dos smartphones e tablets são mais eficientes que as palavras de uma boa conversa?’. E essa reflexão se cria através do personagem de De Niro, que, aos seus 70 anos, sabe dos problemas existentes nessa sociedade atual.
Além disso, há crítica ao modelo machista presente nos dias de hoje, que, em alguns momentos, parece estar se desestabilizando. Nancy Meyers apresenta uma inversão de papeis em ‘Um Senhor Estagiário’, onde Jules Ostin, é uma empresária bem-sucedida, e seu marido Matt, é a “dona de casa”. E dentro do enredo do filme, essa inversão traz consequências, e é aí que entra a crítica.
Além disso, Meyers se atenta em solidificar a aceitação de uma mulher no poder de uma grande empresa, estabelecendo uma relação à igualdade de gêneros, que infelizmente, ainda não existe em todos os cantos da sociedade.
O longa não está no time daquelas comédias de Hollywood e do Cinema Brasileiro que são feitas apenas para alcançar um número alto de bilheteria, que só querem atingir uma massa desprovida de cultura. É fato que o gênero comédia anda passando por uma fase de preconceito por parte dos espectadores, e não é por menos, já que os cinemas ultimamente vêm sendo atolados por essas comédias sem sentido.
Esse com certeza não é o caso de ‘Um Senhor Estagiário’, que apresenta uma experiência interessante para o espectador. É uma comédia com objetivo, sem apelações ou clichês, que quer divertir e o mais importante, transmitir.
