“Verão em Rildas” aposta em estética amadora para abordar assuntos polêmicos

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Verão em Rildas começa na praia, com um grupo de amigos conversando e tocando violão, discutindo qual seria a despedida apropriada para Matheus, que vai fazer mestrado em Londres. Então eles decidem que um festival cultural seria a melhor opção.

O filme que tem tom de documentário mostra a dificuldade dos alunos do curso de produção cultural da Universidade Federal Fluminense em desenvolver o festival em Rio das Ostras, tenta passar naturalidade através da ideia de ser um filme amador.

Mas essa naturalidade obtida através dos atores claramente não profissionais – são os próprios alunos da UFF – não é totalmente alcançada, devido aos diálogos que parecem decorados e situações que são difíceis de acreditar, como eles não saberem que é necessário apresentar um projeto escrito para conseguir apoio da prefeitura.

Muitos assuntos são abordados brevemente em fragmentos espalhados durante o filme e nenhum desses assuntos é de fato discutido como deveria. Como a falta de interesse da prefeitura em apoiar o projeto, a separação do casal devido a viagem para Londres, o traficante local e a indignação conservadora à uma performance que aconteceu no festival, mas a falta de indignação quanto ao alto índice de estupros em Rio das Ostras.

A performance, que de fato ocorreu em 2014 em um evento na UFF de Rio das Ostras, é inserida na trama fictícia de uma maneira brusca e as cenas posteriores, nas quais se discute a performance e a sua repercussão, apresentam um tom diferente de todo o filme até então.

Os diálogos banais que antes pareciam decorados passam a ter um tom de entrevista, mas, mais uma vez, sem aprofundamento.

Em maio de 2014, um grupo chamado Coletivo Coyote foi convidado para apresentar uma performance em uma festa que marcou o encerramento da disciplina Corpo e Resistência. A festa, que foi chamada pelos estudantes de produção cultural de Xereca Satânica, contou com a performance do coletivo, que viajou de Minas Gerais até Rio das Ostras, como encerramento.

A performance contava com pessoas nuas e em certo momento uma das artistas do coletivo insere uma bandeira na vagina, costura-a e então arranca a mesma bandeira a qual é queimada.

Muitas imagens foram divulgadas em redes sociais por pessoas que estavam presente durante a apresentação e logo a performance foi divulgada como sendo uma orgia com ritual satânico, promovida por alunos da Universidade.

O diretor e roteirista Daniel Caetano – na época, chefe do departamento de Produção Cultural da UFF – defendeu a apresentação e lamentou as críticas que, na sua opinião, seriam uma forma de censura. Para Caetano, o objetivo da festa era denunciar os altos índices de violência contra a mulher na cidade, e os que estivessem contra seriam coniventes com tais crimes.

Duas participantes do coletivo foram indiciadas por apresentação de ato de caráter obsceno em lugar de acesso público. Porém, após quatro anos, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro concluiu que não se tratava de ato criminoso e o processo foi arquivado.

Verão em Rildas é sobre um grupo de amigos prestes a se separar, sobre os estudantes que saem de casa para cursar faculdade no interior e a sociedade que eles criam em torno dessas faculdades.

Contudo, o final tenta ser uma crítica a hipocrisia, com cenas jogadas, assuntos mal resolvidos e diálogos sem profundidade e fazem do filme uma obra cansativa, mesmo com seus 70 minutos de duração.

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