Entrevista com elenco de ‘A Cidade Onde Envelheço’

Nesta quinta-feira (9) tem início a Sessão Vitrine Petrobras, projeto que irá lançar filmes nacionais em mais de 20 cidades brasileiras. Para a inauguração foi escolhido ‘A Cidade Onde Envelheço’, longa dirigido por Marília Rocha e que foi premiadíssimo no Festival de Brasília, levando os prêmios de Melhor Filme, Direção e Ator Coadjuvante (para Wederson Neguinho), além da dupla principal Francisca Manuel e Elisabete Francisca Santos (ambas portuguesas) que dividiram o prêmio de Melhor Atriz.

‘A Cidade Onde Envelheço’ conta a história de Francisca (Francisca Manuel), uma jovem emigrante portuguesa que vive em Minas Gerais há mais de um ano. Ela recebe Teresa (Elisabete Francisca), uma com a qual havia sido criada em Lisboa, mas haviam perdido o contato. Enquanto Teresa está bem empolgada com a descoberta de uma nova terra, pessoas e novos costumes, Francisca cada vez mais sente saudades da sua antiga cidade. O Pipoca de Pimenta conversou com as duas jovens atrizes para conhecer um pouco mais sobre elas. Confiram:

Pipoca de Pimenta: ‘A Cidade Onde Envelheço’ marca o primeiro longa-metragem de vocês duas, certo? O que vocês faziam antes de ingressarem no cinema?

Elisabete: A minha formação original é em dança e performances de palco, ou seja, espetáculos que misturam palavra, movimento e algumas peças de teatro. Participei de alguns filmes pequenos, mas projetos pessoais. Como estudei dança e não atuação, foi a Marília (diretora) quem apostou em mim (risos).

Francisca: Eu já tinha feito trabalhos de direção em Portugal, mas eu morei aqui no Brasil (em Belo Horizonte) em 2011 durante oito ou nove meses e conheci Marília através de outras pessoas, quando estava quase retornando a Portugal. A essa altura ela já estava com essa ideia de filme onde duas portuguesas emigravam para o Brasil, baseada em duas portuguesas que ela conheceu em Belo Horizonte. Assim nos conhecemos, ela fez um casting para o papel da Francisca e eu acabei ficando com a personagem. Eu não sou da área da dança e nem do teatro, venho das artes plásticas e trabalhos com vídeo mesmo.

Pipoca de Pimenta: E como foi para vocês gravarem aqui no Brasil, há muita diferença entre Brasil e Portugal, foi necessária uma adaptação?

Elisabete: Foi tudo muito novo, mas também muito tranquilo. Fazer o filme foi um processo muito peculiar, porque tínhamos muitos momentos de improvisação e basicamente só ficava no set de filmagem quem estaria em cena. Como há muitas cenas em apartamento, um ambiente pequeno, ficávamos nós, a Marília, o Ivo (diretor de fotografia) e seu assistente. Assim construímos uma relação bem íntima durante as filmagens.

Francisca: Nós fizemos umas filmagens mesmo antes de eu voltar para Portugal e passados dois anos eles conseguiram financiamento para o filme, escreveram o roteiro junto com dois outros roteiristas (João Dumans e Thais Fujinaga) e assim surgiu o filme. As filmagens duraram em torno de seis semanas, após algumas semanas com a preparadora de elenco. E a maior parte do filme foi improvisação mesmo.

Pipoca de Pimenta: Realmente as cenas aparentam uma naturalidade bem incomum para filmes de ficção, resultado de toda essa improvisação.

Elisabete: Praticamente tudo foi improviso. Nós tínhamos o roteiro, com o qual trabalhamos durante meses para conhecermos as cenas, mas a Marília não queria que apenas repetíssemos falas, em uma ou outra ela dizia ‘era bom que dissessem isso ou aquilo’, mas nunca precisávamos repetir o que estava exatamente no papel. E era assim para a movimentação pelo cenário também.

Francisca: Com o roteiro em mãos nós estudávamos cena a cena o que iria passar alguns dias antes da filmagem. Na hora nós não tínhamos o roteiro, apenas para lembrar o que havia se passado antes e saber o que vinha depois.

Pipoca de Pimenta: Elisabete, para você é mais fácil ou mais desafiador trabalhar assim?

Elisabete: Era bom, mas ao mesmo tempo tem suas dificuldades. Por um lado, repetir frases já prontas pode acabar não parecendo muito ‘real’ né? E improvisar também tem essa dificuldade porque tem de se criar uma maneira de expressar o estado de espírito de que a cena necessita.

Pipoca de Pimenta: E Francisca, você pretende fazer mais filmes aqui no Brasil ou retornar para Portugal e retomar a carreira de atriz por lá?

Francisca: Eu gostaria de uma coprodução entre Brasil e Portugal, gostaria de trabalhar nos dois (risos). Se surgirem oportunidades, estou nessa!

‘A Cidade Onde Envelheço’ estreia nos cinemas no dia 9 de fevereiro.




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