Sim, hoje nosso artigo é sobre ele, nosso psicopata gourmet favorito, Dr. Hannibal Lecter, um dos psicopatas mais carismáticos do cinema. Não é a toa que sua figura rendeu três filmes solo e uma série. O complexo personagem foi criado por Thomas Harris, no livro ‘Dragão Vermelho’ de 1981, e teve sua primeira adaptação para os cinemas em 1986, com o filme ‘Caçador de Assassinos’.
Hoje é segunda, tem forma melhor de iniciar a semana do que falar de comida e de Hannibal, o Canibal?
Então, sente-se à mesa, aproveite o Menu e vamos degustar essa seleção especial.
1º PRATO – Hors-d’oeuvre ou Antepasto
Caçador de Assassinos (1981)
‘O Dragão Vermelho’ de 2002 teve uma versão anterior, dirigida por Michael Mann e estrelada por Willian Petersen (ele mesmo, de ‘CSI’). Considerado um importante filme policial dos anos 80, ‘Caçador de Assassinos’ deixa a desejar em alguns quesitos, a produção foca na investigação e no personagem de Will Graham, por isso questões referentes à psicopatia do Dragão Vermelho e do próprio Hannibal Lecktor (nessa versão é Lecktor mesmo) são apresentadas de maneira rasa e superficial, apesar do bom elenco.
Brian Cox, que interpreta Hannibal nessa versão, é muito mal aproveitado, suas aparições são reduzidas, o que não lhe permite desenvolver o personagem e nos faz questionar sua importância ao longo da narrativa.
O próprio Dragão Vermelho começa a aparecer depois de uma hora de filme e deixa muito a desejar. Mesmo com todo ar de excentricidade que Ton Noonan consegue transportar para o personagem, inúmeras dúvidas ficam no ar com relação a ele.
2º PRATO – Sopa
Dragão Vermelho (2002)
Já que estamos falando do Dragão Vermelho, o filme de 2002 será nosso segundo prato do Menu. Dirigido por Brett Ratner, o longa consegue nos transportar para a mente dos personagens, tanto os psicopatas Lecter e Dolarhyde, quanto os investigadores Will Graham e Jack Crawford.
O filme conta com um elenco de peso muito bem equilibrado, somos brindados com a sempre maravilhosa interpretação de Hopkins, que imortalizou a figura de Hannibal Lecter; Edward Norton, que consegue transmitir com maestria as angustias de Graham e a dualidade de seus sentimentos, aspecto que inclusive é bem desenvolvido na série ‘Hannibal’; sem falar em Ralph Fiennes, que desenvolve Dolarhyde de uma maneira tão intensa e delicada, que se torna impossível não sentir empatia por ele.
Os aspectos psicológicos do assassino são mais explorados nessa versão, conseguimos acompanhar os eventos na vida de Dolarhyde e a investigação de seus crimes ao mesmo tempo. Existe uma preocupação em transmitir as duas faces do assassino, Francis e o Dragão, e o desenvolvimento de seus conflitos, tornando o filme um dos melhores sabores do nosso Menu.
A ENTRADA
Hannibal: Origem do Mal (2007)
Dentre os filmes que focam no nosso querido Canibal, esse é o único que Hopkins não estrelou, pois se trata de um uma volta no tempo.
Peter Weber nos apresenta ao jovem Hannibal, interpretado pelo francês Gaspard Ulliel, com a intenção de explicar como os eventos do passado o levaram a tornar-se quem ele é.
A produção é enfadonha, longa e cansativa. Você pode viver sem apreciar essa obra? Com certeza! A não ser que queira compreender algumas questões abertas que o filme consegue responder de maneira satisfatória, mas superficial.
É aceitável que se apresente um Hannibal imaturo, sem aquele forte instinto assassino e meticulosidade que lhe são típicos. O grande problema do longa é a construção da história em torno da vingança e dor familiar do personagem, pois isso em nada combina com o Dr. Lecter, frio e calculista dos outros filmes. Essas características demonstram uma fraqueza humana que não se encaixa com seus traços de psicopatia já construídos. Então tenha cuidado ao consumir essa entrada, muitos poderão achar o prato indigesto.
PRATO PRINCIPAL
O Silêncio dos Inocentes (1991)
A estrela do nosso cardápio, nosso prato principal e o motivo de todos estarmos aqui é essa incrível obra dirigida por Jonathan Demme, apresentando Anthony Hopkins pela primeira vez como Dr. Hannibal Lecter.
‘O Silencio dos Inocentes’ ganhou cinco estatuetas do Oscar, incluindo melhor filme, sendo considerada uma das melhores produções de terror até hoje. As atuações brilhantes de Hopkins e Jodie Foster, que interpreta a agente Clarice Starling, rendem um clima de tensão e suspense durante todo o longa.
É quase impossível não ansiar pelas aparições do Dr. Lecter, com seu olhar penetrante e a manipulação através de seus elaborados jogos psicológicos. A perseguição paralela ao também psicopata Búfalo Bill tornam a trama inquietante do início ao fim.
SOBREMESA
Hannibal (2001)
Finalmente a sobremesa nos traz o filme que leva o nome do nosso adorável Canibal, dirigido por Ridley Scott, que foi a tão esperada continuação de ‘O Silêncio dos Inocentes’, 10 anos depois, intitulada ‘Hannibal’. Claro, havia muita expectativa em torno da trama, que acabou decepcionando alguns fãs por não seguir o mesmo estilo do anterior.
Mas o longa apresenta alguns elementos novos aos fãs, com uma abordagem mais violenta e tensa, apresentando Hannibal em ação, sendo perseguido por Mason Verger, um sobrevivente desfigurado em busca de vingança, muito bem apresentado por Gary Oldman.
Juliane Moore encara o desafio de ser Clarice Starling, já que Jodie Foster recusou o papel. Sua interpretação da agente mais madura e obcecada é perfeita, mas claro, quando se troca um ingrediente do prato o sabor fica diferente.
O filme é mais sangrento e chocante, mas devemos considerar que Hannibal é um psicopata Canibal, então Ridley explorou esse aspecto mais violento. Vale a pena conferir.
CAFÉZINHO
Hannibal: a Série (2013)
Quando todos pensaram que já havia acabado, eis que o garçom entra com um delicioso café.
A série criada por Bryan Fuller traz uma nova roupagem para a franquia. Com apenas três temporadas, acompanhamos personagens já conhecidos em um tom mais mórbido, violento e artístico.
Will Graham, interpretado por Hugh Dancy, torna-se o centro da narrativa, com Hannibal, vivido por Mads Mikkelsen, como seu antagonista. Também temos outros importantes personagens, como o agente Jack Crawford (Laurence Fishburne), Mason Verger (Joe Anderson), Abigail Hobbes (Kacey Rohl) e Francis Dolarhyde (Richard Armitage).
Hannibal e Will Graham constroem uma relação de amizade enquanto o agente persegue psicopatas, utilizando seus “dons” de empatia, sem saber que o assassino que tanto procura está tão próximo dele.
A complexidade dos personagens é construída ao longo da série, o que começa com “uma solução de crime por episódio” acaba tornando-se uma trama bem elaborada e complexa, cativando e apaixonando os espectadores. Além da estética impecável, os episódios são mais escuros, dando um ar sombrio e clássico.
Infelizmente a série foi cancelada na 3ª temporada, percebe-se uma aceleração nos eventos que poderiam ter se alongado, mas adiantamos que não há prejuízo à qualidade e a trama não fica sem final.
Chegamos ao fim da nossa experiência gastronômica, compartilhe conosco sua impressão dos nossos pratos!