Hector Babenco: O Argentino que entendeu o Brasil

Deixou-nos por falência cardiorrespiratória neste dia 13 o mais brasileiro dos diretores argentinos. Hector Babenco, apesar do desconhecimento que o público médio do país tem de sua carreira, promoveu dois dos principais sucessos de crítica e bilheteria do cinema nacional, Pixote – A Lei do Mais Fraco(1980) e Carandiru(2003), ambos produções que jogavam na cara o descaso público que cobre o triângulo da violência nas grandes capitais, respectivamente com a infância roubada das ruas e a truculência da polícia militarizada , ostensiva administrada por governos repressores, como foi o caso do famoso massacre do ‘Pavilhão 9’.

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Apesar do discurso crítico sobre as instituições, seu olhar estava sempre sobre o indivíduo, o brasileiro excluído, como o garoto paulistano Fernando Ramos (Pixote), cujo destino na vida real acabou sendo tão trágico quanto na ficção, ou o travesti Lady Di (Rodrigo Santoro), uma das vítimas humanizadas pelo longa de 2003.

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Ainda produziu o anglo-brasileiro ‘Brincando Nos Campos do Senhor’(1990) e o indicado ao Oscar ‘O Beijo da Mulher-Aranha’(1986) que revelou Sônia Braga a Hollywood, além de ‘Ironweed’(1987) onde dirige dois monstros sagrados, Jack Nicholson e Meryl Streep.

Graças a seu senso histórico e compromisso em falar sobre a realidade também teve outro clássico em seu currículo, ‘Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia’(1976) que relata a vida de um bandido famoso na época da ditadura.

Suas declarações públicas sempre fizeram de sua imagem uma figura aguerrida, difícil e crítica em relação a publicidade, o jornalismo de cinema e as falhas do governo. Fica para a posteridade uma vida prestada a entender o Brasil e suas mazelas.

Lucio

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