O teatro brasileiro é onde grandes histórias do humor caminham para que um dia elas possam correr no Cinema. É um movimento natural e de garantia de sucesso. Grandes bilheterias recentes como “Minha mãe é uma peça” e “Os Homens são de Marte é pra lá que eu vou” são prova disso. Mas, algo parecia faltar quando olhávamos para esse cenário.
Se Paulo Gustavo e Mônica Martelli arrastaram multidões em teatros no Brasil a fora e tiveram bilheterias sólidas no cinema, porque a companhia de teatro brasiliense “Os melhores do mundo” formados pelos atores: Ricardo Pipo, Adriana Nunes, Welder Rodrigues, Victor Leal, Jovane Nunes e Adriano Siri ainda não tinha emplacado uma versão de seus espetáculos nas telonas?
Com o sucesso viral de um trecho de uma cena de suas peças, Notícias Populares, aquela do famoso Joseph Climbers, o grupo se tornou sensação no início dos anos 2000. E a produção seguinte não demorou para se tornar um sucesso em todo país. Hermanoteu na Terra de Godah foi escrita originalmente em 95 e depois de 27 anos de peregrinação nos palcos chegou aos cinemas.
O longa lançado com exclusividade no Telecine Play, parte dos minutos seguintes do conclave que elegeu o novo papa, O Cardeal Jerônimo (Jonas Bloch), é conduzido por um bispo para uma biblioteca secreta para que antes de assumir o papado diante do mundo todo conheça a história secreta do 13º apóstolo. Hermanoteu. Filho Oolonéia e irmão de Micalatéia. Se você tá se perguntando, sim, é ela mesmo.
A história acompanha o atrapalhado protagonista escolhido por Deus para cumprir uma missão: levar seu povo à terra de Godah. No caminho ele encontra o imperador romano César, Cleópatra e até mesmo Jesus Cristo.
Dirigido por Homero Olivetto, de Reza a Lenda, a produção se escora no excelente texto e no bom elenco e explora pouco o ar road movie da peregrinação do Hermanoteu. Mas, acerta em dar um ar de Monty Python à produção evidenciando o quanto esse tipo de humor é mal explorado por aqui.
Um outro acerto é manter uma homenagem e referência à peça que é a participação do mestre do humor Chico Anysio no longa. Afinal, Deuses não morrem né?
Depois que algumas produções da produtora Porta dos Fundos tiveram recepções controversas e até violentas por usar histórias bíblicas para provocar discussões através do humor, mesmo tendo surgido primeiro Hermanoteu passa longe das polêmicas querendo apenas divertir o público.
A produção joga luz para o excelente trabalho do grupo Melhores do Mundo ao longo de mais de 30 anos de serviços prestados ao humor e que deveria estar mais presente no cinema nacional que muitas vezes olha para referências fora do país quando há excelentes referências por aqui.
