Importância do título e como ele pode prejudicar o entendimento do espectador

O mercado cinematográfico é imparável. Está sempre nos dando mais e mais filmes. O cinema brasileiro ainda engatinha. Com exceção das terríveis comédias da Globo Filmes, poucos filmes são lançados anualmente no Brasil. A grande maioria vem de países como EUA, Canadá, Espanha, França etc. Quando chegam aqui seu título é traduzido ou até mesmo refeito. O problema nisso é quando os tradutores inventam de recriar o logo. Tal prática pode ser muito mais danosa do que se imagina.

Ao contrário do que alguns pensam, o título de uma produção não serve apenas para os fãs não se referirem a ele como ‘Aquele filme lá do Brad Pitt’. O nome vende a ideia e diz do que se trata a trama, além de instigar o cidadão a assisti-lo. Muitas vezes basta só traduzir, como o caso de ‘Prisoners’ (2013) do canadense Denis Villeneuve. Prisioneiros é um título chave para que o espectador entenda o desfecho da trama. O título foi traduzido para ‘Os Suspeitos’. O longa não se trata de um crime com vários suspeitos. Na verdade, há um único suspeito. Seria como traduzir ‘Indiana Jones’ para ‘O Explorador’.

Haja vista que alguns nomes são intraduzíveis, pois são expressões estrangeiras que não existem em nosso idioma. Um exemplo disso é ‘Um Estranho no Ninho’ que em inglês é ‘One Flew Over the Cuckoo’s Nest’. Em uma tradução literal ficaria ‘Voando Sobre um Ninho de Cucos’, mas aí fica um problema… O que diabos isso quer dizer? Nos EUA ‘cuckoo’ é uma gíria para ‘louco’. Lembra nos desenhos do ‘Pica-Pau’ qual barulho fazia quando um personagem dizia que o outro era louco? Então, lá esse título faz sentido, aqui não.

Algumas mudanças podem de fato confundir totalmente o espectador. O longa ‘Memento’ de Christopher Nolan recebeu o nome de ‘Amnésia’, o problema é que o protagonista não tinha amnésia. Outro exemplo é ‘Up In The Air’ que foi traduzido para ‘Amor Sem Escalas’. Em momento algum o nome original cita algo sobre amor, além de que a película não é sobre aventuras românticas de um galã. Outro erro foi na tradução de ‘Lost in Translation’, filme de Sofia Coppola. ‘Encontros e Desencontros’ é um nome super genérico e que não diz nada sobre o filme. ‘Perdidos na Tradução’, que seria a tradução literal, faz mais sentido, pois ambos os personagens estão em perdidos e incomunicáveis, já que não falam japonês, então acabam se unindo.

É inegável que nada prejudica mais a experiência do espectador quanto ver um filme cujo título é um spoiler. Infelizmente essa prática é comum e a lista é gigantesca. ‘O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei’, ‘A Primeira Noite de Um Homem’, ‘Um Corpo que Cai’, ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ etc. Toda equipe técnica toma um cuidado gigantesco para que a história vá sendo revelada gradualmente, aí vem um pateta e mete um spoiler no título.

Devemos valorizar a experiência de se ver um novo filme. Vamos saboreando-o com calma. O título deve instigar nossa imaginação quanto à trama, a introdução nos apresenta a história, o segundo ato nos prepara para o clímax, os pontos de virada enriquecem a trama impedindo-a de ter um final previsível, logo deixa o espectador empolgado, então há o clímax e depois o desfecho que encerra nossa experiência. É algo delicado. Um spoiler no título e uma tradução equivocada ou mesmo completamente errada faz com que a pessoa fique confusa e não entenda o real propósito do filme. Sempre antes de ver um filme consulte seu título original. Caso você desconheça o idioma, use algum tradutor. Há vários na internet. Assim você se previne dessas situações e aproveita o melhor que a sétima arte tem a te oferecer.

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