Infelizmente, “Sobrenatural: A Última Chave” tem roteiro confuso e sustos previsíveis

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Após ter lançado a franquia “Jogos Mortais” no começo dos anos 2000, James Wan se dedicou apenas a produzir as várias sequências restantes, enquanto se empenhava em outros projetos. Em 2010, ao lado de outros grandes nomes do cinema de terror contemporâneo, ele lançou “Sobrenatural”, a história de uma família que tentava salvar seu filho que entrou em coma, com a ajuda de uma paranormal que os levou ao “outro lado” (além) para encarar alguns problemas (mal resolvidos) do passado.

A história, criada por Leigh Whannell, que também escreveu os três primeiros filmes da franquia “Jogos Mortais” – além de ter atuado, era o personagem Adam, o protagonista do primeiro filme -, pegava elementos batidos do gênero, como casas mal-assombradas e entidades sobrenaturais e subvertia as expectativas do público investindo em um conceito muito interessante, que era a existência de um plano paralelo ao nosso, onde os mortos habitam e os vivos podem fazer contato, mas ficariam expostos a possessões.

Beneficiado pela direção segura de Wan, rostos conhecidos como Patrick Wilson e Rose Byrne no elenco e alguns jumpscares realmente assustadores, o primeiro filme foi um grande sucesso e ajudou a solidificar mais uma nova franquia para os fãs de filmes de terror. Contudo, o tempo passa e a tendência é essas franquias irem perdendo a qualidade, quando alguns atores mais conhecidos deixam o projeto e as histórias já demonstram um “esgotamento” de boas ideias. Infelizmente, esse declínio já surgia desde o filme anterior da saga, e se confirma no novo capítulo, intitulado “Sobrenatural: A Última Chave”.

O passado de Elise

Desta vez, a direção ganha um novo nome. Adam Robitel, do desconhecido “A Possessão de Deborah Logan” (2014), é quem assume o comando do projeto. A médium Elise (Lin Shaye), que desde o primeiro filme passou a ganhar destaque cada vez maior, é a protagonista e após ajudar tantas famílias, desta vez é ela quem vai ter que encarar seus próprios fantasmas. O filme começa na década de 50 enquanto Elise ainda era criança e vivia com seu irmão Christian, além de seu pai e mãe. Eram tempos incertos em meio a Guerra Fria e certa noite, após a execução de um prisioneiro na cadeira elétrica, ela começa a ver coisas paranormais.

Seu pai não entendia esse “dom” e a espancava por qualquer motivo, tentando obriga-la a ser uma criança “normal”. Apenas a mãe tentava compreender Elise, mas após uma noite onde um espirito atraiu a garota até o porão, a fazendo abrir uma porta vermelha e libertar uma criatura maligna, tudo piora muito. Sua mãe aparece morta no porão enquanto Elise estava em transe. De volta aos dias atuais, em 2010, Elise e – quem acompanha a franquia sabe – seus dois assistentes, Specs (o próprio roteirista Leigh Whannell) e Tucker (Angus Sampson) trabalham ajudando famílias com casas mal-assombradas. Tudo muda, porém, quando um desses chamados vem da sua antiga casa, onde um novo morador solicita ajuda.

 

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Roteiro mal elaborado e sustos previsíveis

Infelizmente, “Sobrenatural: A Última Chave” sofre muito com um roteiro completamente confuso e falha em construir uma trama plausível para envolver o espectador com os personagens, restando apenas alguns sustos aleatórios para conseguir provocar alguma reação da plateia. Mas isso é não nem de longe suficiente para tornar um filme de terror bom. Em termos de eficiência nos sustos, a direção de Robitel é até esperta, mas pouco criativa – depois de um tempo, fica fácil prever quando virá o próximo susto. Basicamente, ele enquadra os personagens no canto da tela, usando a regra dos terços (sabe aquelas linhas que aparecem na câmera do seu celular?), bastante comum em fotografias e enquadramentos.

Ao mostrar uma pessoa não centralizada na imagem, naturalmente seu rosto nos chama a atenção, e ainda deixa um grande espaço no restante do quadro para usar elementos – como as aparições de espíritos – que surpreendam e assustem o espectador. O filme também equilibra um misto de found footage com a perspectiva convencional, que acaba conseguindo envolver pelo menos aquele espectador mais desatento. Entretanto, qualquer pessoa que já tenha assisto a um número considerável de filmes que apostam em jumpscares – como os “Atividades Paranormais”, “Annabelles” e “Ouijas” da vida – consegue prever exatamente o momento em que o susto está chegando, e isso é muito frustrante.

Assista à entrevista que fizemos com a atriz Lin Shaye e o produtor Jason Blum:

Sobre o roteiro, fica óbvio que o motivo de Elise ter voltado à sua antiga casa era confrontar e superar o trauma do passado que a fez fugir, se reconectando com sua família. Porém, isso só funciona na teoria, pois na prática, a relação com seu irmão (Bruce Davison) e as decisões que os personagens vão tomando durante a história não fazem sentido algum – quem invadiria uma cena de crime macabra para buscar um apito, por mais sentimental que fosse? Sem falar nas conveniências, onde personagens bonzinhos acabam sobrevivendo mesmo estando “cara a cara” com a morte, ou reviravoltas e descobertas de habilidades absurdas que surgem por puro oportunismo do momento.

Personagens confusos e humor fora de tom

Robitel também demonstra muita deficiência na construção do suspense. Algumas sequências são exageradamente longas, parecendo que não movem a história adiante, não trazem nenhuma revelação importante, portanto, soam desnecessárias. Lembrando que estruturalmente, o terror é muito parecido com o humor, precisa de timing para funcionar, não pode se estender demais e nem acabar tão rápido. Esse é o segredo especialmente da direção de James Wan, que sabe usar como poucos o espaço em cena e construir cenas aterrorizantes no timing correto.

Para variar, os diálogos também são muito expositivos, os personagens estão sempre explicando tudo como se o espectador não fosse capaz de entender por meio de ações e não de palavras – quebrando aquela regrinha que todo roteirista iniciante aprende na primeira aula: está fazendo um filme, “mostre” e não “conte”, o resultado é muito mais satisfatório. Personagens mudam de opinião de uma hora para outra, um outro diz que se mudou porque não se importava em viver em uma casa pequena, apesar do filme ter mostrado na abertura e na cena anterior o casarão que ele vive e etc. Ou seja, não há nada convincente, o filme é tão cínico que nem tenta.

As atuações são prejudicadas pelo roteiro, mas a entrega dos atores é tão exagerada que até beira uma comédia involuntária. Falando em comédia, a dupla Specs e Tucker são alívios cômicos conhecidos desde os filmes anteriores da franquia, mas aqui o senso de humor e piadas está bastante desconexo com o restante da história. Esses momentos são tão bobos que acabam tirando qualquer peso que os conflitos poderiam expressar. Ah, e é claro que tem aquele velho truque da ausência de trilha sonora momentos antes de um grande susto…

Concluindo, “Sobrenatural: A Última Chave” é uma bagunça completa. A prova de que a franquia precisa urgentemente decidir o que quer fazer, um filme realmente assustador, como o primeiro até conseguiu, ou uma paródia que mesmo que não faça sentido algum, se assuma escrachada e não tente se levar tão a sério. Uma história que deveria ter sido um acerto de contas com o passado, uma reconexão com a família, mas que no fim das contas, se mostrou completamente ineficaz.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!

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