>Assistir “Irreversível” pode ser uma terrível experiência para quem é sensível. Pode ser constrangedor, repulsivo e
repugnante para os conservadores. Pode ser considerado uma obra prima para quem aprecia filmes do gênero.
Estas são as possíveis reações que ele pode provocar. O segundo longa do argentino Gaspar Noé (a estreia de Noé como diretor
de longa-metragem foi em “Sozinho Contra Todos”, no qual o protagonista foi extraído do curta-metragem de sucesso, “Carne” de 1991) chocou os espectadores no festival de Cannes quando foi exibido.
Noé, que havia trabalhado com os protagonistas Vincent Cassel e Monica Bellucci no filme “Dobermann” (ele tinha feito uma participação no elenco) de 1996, agora dirige os dois (casados na época) e põe “Irreversível” no ranking de filmes polêmicos. Em “Irreversível”, Noé faz uma ponta – despido se masturbando. Não é por acaso que o filme causou o impacto ao público e se tornou o filme mais forte da história do cinema. O conteúdo da violência, foi o que mais chamou a atenção do público (até mesmo bem mais que o enredo), de tão bem editadas. O giro da câmera, a música angustiante no início do filme (também a triste trilha sonora), os créditos finais que iniciam o filme (e que chegam por a intimidar o espectador) e a horrível cena do estupro é forte e sem cortes e muito bem editada, com direito a câmera no chão, como se fosse de propósito para o espectador testemunhar o ocorrido (na versão brasileira, a voz de Monica Bellucci é dublada por Adriana Torres, que fica bem real). A cena dura em torno de quase dez minutos, mas por ser insuportável, parece ter mais de meia hora de duração.
Embora seja excelente, não é pra qualquer um. É um daqueles filmes que faz com que cause indignação na platéia, faz uma ou quem sabe mais pessoas se retirarem da poltrona para não assisti-lo. É impactante, comovente e inovador por ter uma técnica fora dos padrões do Cinema, mesmo não sendo atraente para quem não gosta de ver cenas fortes e tensas. Tem que ter estômago.