Jason Bourne

Jason Bourne demora a engrenar, mas quando encontra a sua identidade, mostra o porquê da sua supremacia, dando o que seria um ultimato à sua história.

O diretor Paul Greengrass arrepiou os fãs da trilogia Bourne quando anunciou uma sequência, visto que ‘O Legado Bourne’ não foi bem aceito pelo público, por apresentar uma proposta diferente e ao arriscar a troca de Matt Damon pelo tão conhecido Gavião-Arqueiro (Jeremy Renner) no papel principal. Foi concluído que o único jeito de reviver a história de Jason Bourne seria com Matt Damon fazendo o seu papel de mais prestígio da sua carreira, e o resultado é mais uma vez uma lição para os filmes de agentes dos últimos tempos.

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Crédito: Divulgação

Depois de 09 anos, a ex-agente da Cia Nicky Parsons faz uma descoberta ao hackear os computadores da CIA. Com o acesso, ela tem várias informações sobre o programa confidencial de espionagem através de um aplicativo, e documentos que comprovam um segredo que Jason Bourne ainda não sabe. Usando o caso Snowden como gancho, o filme explora muito assuntos debatidos atualmente, como espionagem virtual feito por governos, e a privacidade de aplicativos.

Iniciando com um jeito mais “série de TV” possível, o novo filme da agora franquia Bourne lembra o seu público sobre os últimos acontecimentos da sua trilogia. Comparando com os anteriores, o seu começo sai um pouco do método adotado pelos filmes anteriores, até o começo do terceiro ato ele muda um pouco a sua fórmula, mesmo cometendo as mesmas decisões, como o filme as conta, é o que o diferencia dos outros. Pegando o impulso rápido, temos aqui um filme comprometido com a história que quer contar, mas por alguns minutos demora para nos encantar como Bourne sempre fez.

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Crédito: Divulgação

Temos um Bourne, cansado, mais velho e danificado pelos acontecimentos passados. Escondido na Grécia, ele participa de lutas amadoras, como forma de se camuflar e conseguir algum sustento. Matt Damon nunca foi um primor de ator, mas ele nasceu para ser Bourne, e sua primeira cena escancara que a nossa saudade não era algo que ficou lá atrás. O primeiro soco já traduz tudo que queríamos, Jason Bourne está de volta!

Com um elenco forte, diria que o mais forte da franquia, temos aqui boas atuações e o diretor Greengrass expele esse fato que sempre foi deixado um pouco de lado nos filmes passados. Aqui, vemos o velho conhecido Tommy Lee Jones interpretando o diretor da CIA Robert Dewney, muito seguro e comprometido com o papel, temos um vilão do mesmo estilo já visto nos outros filmes, mas a experiência de Lee Jones explora atuações mais físicas, com o olhar ele já traduz muita coisa, e o cinismo em certas cenas fazem com que o público fique com um certo ódio do vilão, o que é completamente o que queremos.

Jason Bourne (2016)

Crédito: Divulgação

Além de Julia Stiles, que vive a agente Nicky Parsons, Vicent Cassel interpreta o matador Asset, e vem nos dar o capanga mais temido da franquia. Riz Ahmed e Ato Assandoh são competentes em suas atuações, mas nada que ganhem mais do que duas linhas desse texto. A pessoa que merece um pouco mais que duas linhas é a fantástica Alicia Vikander, ela rouba o filme. Interpretando a agente da CIA Heather Lee, nunca sabemos qual a real intenção da personagem, mas isso se deve à sua atuação, nada é tão escancarado até os 45 minutos do segundo tempo. A atriz dá força aos seus personagens, que por mais que sejam bem escritos, já vimos em ‘A Garota Dinamarquesa’ e em ‘Ex Machina’ o quanto ela vive a cena. Calma, não é a melhor atuação da atriz, longe disso, mas para um filme de ação, ela está em um nível acima dos demais.

O filme explora os acontecimentos com um roteiro seguro de si, claro, mesmo em um momento ou outro tomando uma licença poética para a história conseguir seguir. Na trilogia isso nunca foi um erro, casas explodindo com torradeiras é algo que deixamos passar, o mesmo acontece aqui. Os acertos de Bourne sempre foram a construção das suas cenas, e aqui não é diferente, com uma direção segura, temos um filme sem muitos furos e uma recompensa para quem teve que conviver com a longa espera de 12 anos.

Jason Bourne (2016)

Crédito: Divulgação

Os dois primeiros atos lembram mais James Bond do que Bourne, não que isso seja de todo mal, e não é, mas a busca pela investigação na maior parte do filme é algo novo. Já vimos do que Bourne é capaz, sabemos como ele luta e sabemos sobre as excepcionais fugas de carro, essa busca pela espionagem em um grau maior faltou nos filmes anteriores. O público pode sentir falta do espirito do filme, até o começo do terceiro ato, pois o que faltou de ação na maior porcentagem do filme é transbordada no seu final. Uma das cenas de ‘Jason Bourne’ pode ser classificada como uma das melhores perseguições de carros da franquia, e quem é fã dos filmes, sabe que isso é um valor alto à ser conquistado.

Com um final tão satisfatório até os seus segundos finais, quando o tema de Bourne chega aos nossos ouvidos – finalmente – o novo filme da franquia nos diz que o tempo passou, mas a animação ao acabar de ver um filme do agente mais inventivo desde MacGyver, não. Que venha mais Bourne e mesmo se não vir, é um final excelente.




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