Desde que surgiu no primeiro filme do Thor há 10 anos, Loki (Tom Hiddleston) sempre se mostrou um personagem promissor, tanto que que virou o vilão do primeiro filme dos vingadores no ano seguinte. Por anos, foi acumulando fãs e a expectativa de mais espaço no MCU, até seu encontro com Thanos em “Vingadores: Guerra Infinita”. Mas, um destino glorioso estava por vir.
A série solo do Deus da Trapaça chegou ao Disney+ partindo do momento em que Loki rouba o Tesseract novamente num descuido dos vingadores em sua viagem no tempo em “Ultimato”. Sua fuga causa uma ramificação na sagrada linha do tempo e ele acaba capturado pela Autoridade de Variância do Tempo, uma entidade responsável por manter a estabilidade do fluxo temporal e impedir que as linhas do tempo do Multiverso entrem em colisão. Lá o vilão é apresentado ao agente Mobius (Owen Wilson) que pretende usá-lo para localizar uma variante dele que está por trás de distúrbios na linha do tempo.
Como definiu muito bem Tony Stark, Loki é uma diva. Ele não ia querer ser um mero coadjuvante. Seja para o adorado filho de Odin, seja para AVT ele acaba escapando e se aliando à sua variante.
A produção nesta primeira temporada é dirigida por Kate Herron, profissional com boa experiência em comédias na TV, aposta na jornada egocêntrica de um personagem capaz de se apaixonar por uma variante feminina dele mesmo. O maior acerto da série é sua direção de arte com um olhar de arte moderna com uma pegada futurista vintage para um ambiente corporativo burocrático que funciona muito desde figurinos e cenários.
Outro bom destaque é Sylvie (Sophia di Martino) ou melhor Lady Loki. A personagem tem sua própria jornada de se vingar das entidades conhecidas como os Guardiões do Tempo, forças desconhecidas que seriam os governantes da estrutura da AVT e que tiraram ela ainda criança da sua linha do tempo por ser uma variante. Owen Wilson também tem bons momentos como Mobius apesar de pouco tempo de tela. A Ravonna Renslayer de Gugu Mbatha-Raw é refém do clímax da série, deixando muito do desenvolvimento de sua personagem para o futuro com uma referência bem breve sobre seu passado como variante.
Em seus 6 episódios, a série mantém um bom ritmo com exceção do episódio 3 “Lamentis” que pedala numa bicicleta ergométrica sem sair do lugar apenas para apresentar os planos se Sylvie e para que ela crie laços com Loki. O ponto alto desta temporada é o episódio 5 “Jornada ao Mistério” onde Loki se encontra com outras 5 variantes dele como Loki Clássico, Kid Loki e o impagável Crocodilo Loki e junto Sylvie enfrentam o monstro Alioth no vazio última etapa para chegar a Cidadela do fim dos tempos onde está Aquele que permanece, entidade por trás da AVT e que mudou os destinos de Loki e Sylvie.
O principal dilema de manter a sagrada linha do tempo é preservar o presente e respeitar o passado sem ser seduzido pelo que nos aguarda no futuro. Mas, ser seduzido pelo que nos aguarda no futuro é o problema de Loki. A necessidade de expandir o Universo Cinematográfico Marvel atrapalha o final mesmo oferecendo aos fãs o tão aguardado “service”. Já confirmado para o elenco de “Homem Formiga: Quantumania”, Jonathan Majors faz sua estreia no MCU no episódio “Para todo sempre” como uma das variantes daquele que deve ser a grande ameaça da fase 4: Kang, o conquistador.
A necessidade de expandir a ameaça que vai afetar todos os próximos filmes e séries do MCU prejudica o desenvolvimento de Loki com seus objetivos fora do espaço tempo, onde o Deus da Trapaça e seus espectadores foram tapeados para aguardar essa jornada do vilão para uma próxima temporada já confirmada.
Depois de mostrar um bom caminho com Wandavision e Falcão e Soldado Invernal, o Marvel Studios mostra em Loki que suas histórias ainda estão presas ao maior vilão do Universo Marvel: O Hype.