Baseado no livro de mesmo nome e dirigido pela comediante e atriz Amy Poehler, Moxie é um filme adolescente da Netflix com um tema atual, infelizmente atemporal e extremamente necessário, o feminismo e a luta contra o machismo, mais especificamente no ambiente escolar.
Vivian (Hadley Robinson) é uma jovem em seu primeiro dia de aula com sua melhor amiga Claudia (Lauren Tsai), as duas são introvertidas convictas e estão sempre juntas e, de certa forma, alheias às situações ao seu redor. Vivian é filha única de mãe solteira, interpretada pela própria Amy Poehler, feminista e que já viveu seus dias de protestos e rebeldia, mas é só quando ela conhece Lucy (Alycia Pascual-Peña) que Vivian começa a despertar para o sexismo extremamente presente na sua escola e como ele pode ser reforçado por figuras de autoridade.
Uma vez que Vivian passa a compreender como violentas as situações que antes encarava como simples chateamentos, ela não consegue mais voltar atrás e a saída que encontra para externar sua indignação é escrever uma revista anônima, chamada “Moxie”, onde expõe episódios machistas do cotidiano de sua escola e logo isso começa um movimento feminista.
O filme de Amy Poehler é um filme adolescente, e fica claro que esse é o público-alvo, algumas situações acabam sendo exageradamente dramáticas e alguns dos problemas são tratados com menos profundidade do que deveriam, mas o filme ainda se faz necessário, principalmente entre adolescentes. O mais interessante é vermos o modo como meninas diferentes reagem ao crescente movimento feminista. Claudia por exemplo, a melhor amiga de Vivian, vem de uma família de imigrantes asiáticos e conservadores, e passa por muito mais conflitos antes de entender e começar a fazer parte do “clube”.
Outro ponto positivo do filme é o aspecto romântico, fugindo dos clichês desse tipo de filme, a protagonista nunca se apaixona pelo garoto mais bonito, popular e, inevitavelmente, babaca da escola. Desde o começo ela se interessa por Seth Acosta (Nico Hiraga), um garoto legal, respeitoso e inteligente, que acaba sendo também um dos personagens mais cativante e isso segue até o final.
Apesar de, mais uma vez, termos uma protagonista branca e dentro de todos os padrões, a representatividade está presente ao menos entre as coadjuvantes, o grupo que se autointitula como “Moxie” é inclusivo e tem garotas de todos os tipos, raças, sexualidade etc., e é importante ressaltar que do começo ao fim as meninas se mantêm juntas e apoiando umas às outras, o que também não é um costume entre filmes desse gênero, infelizmente.
Moxie não é nenhuma obra-prima e talvez não agrade à todas as idades, mas ainda assim é muito relevante e um ótimo exemplo não só para quem assiste, mas também para quem escreve e produz filmes para adolescentes, uma vez que prova que entretenimento pode ser leve, divertido e engraçado sem precisar se apoiar em qualquer tipo de bullying ou opressão.