A aguardada estreia da segunda temporada de Narcos, no serviço de streaming Netflix, promete superar a anterior neste dia 2 de setembro. Após os fatos que finalizaram os primeiros 10 episódios onde Escobar (Wagner Moura) foge de ‘La Catedral’, a série toma um tom muito mais crepuscular, pois já sabemos que se trata da morte do mitológico narco-traficante e a mega-operação que se construiu em sua perseguição de 15 meses, e sua execução em 1993.
Desta vez Wagner Moura está completamente imerso em um personagem profundo, humano e dilacerado por suas derrotas consecutivas, muito mais fragilizado e menos caricato pelos excessos visuais dados a seu aumento de peso, e o sotaque paisa que dificultou sua atuação na primeira temporada. O grande acerto dramático por parte do roteiro, após a saída de Padilha da direção de alguns episódios, foi transformar a imagem de um facínora em produto de uma Colômbia invertida pela corrupção histórica e extrema pobreza, tornando o sórdido em aceitável ou justo. Pablo Escobar já não é só um homem, mas uma instituição tentacular que aprisiona o Estado, os órgãos de segurança e a própria concorrência criminosa, como o Cartel de Calí em decisões cada vez mais sórdidas e cinzentas entre a lei e o crime para poder pegá-lo.
As cenas de ação são muito mais viscerais e calcadas em locações, mantendo o estilo de Padilha com correrias em telhados ou corredores estreitos, lembrando sua assinatura em ‘Tropa de Elite’. Mas definitivamente o condutor do drama é Wagner Moura impecável como um rei caído, um trágico personagem Shakespeariano que tenta reencontrar seu sentido de vida, numa ambição que confunde-se em sua mente como meritocracia por seus feitos, já que quer incansavelmente ser pai de família, filho e modelo para um país melancólico e moldado pela corrupção.
Não estranharia mais uma merecida indicação ao Globo de Ouro, pois gradativamente entre planos sombreados Wagner torna-se o próprio Pablo e seu significado como produto de sua realidade. Evidentemente, a série toma liberdades em relação aos fatos, mas na essência a história se mantêm usando as imagens de arquivos de jornais e da TV, da operação conjunta entre o DEA, a polícia colombiana, e os justiceiros ‘Los Pepes’.
A série finaliza com um gancho interessante para uma nova temporada. E nós estaremos lá para aguardar.