[et_pb_section admin_label=”section” background_image=”http://supercinemaup.com/wp-content/uploads/2017/06/neve-negra-nieve-negra-ricardo-darin-leonardo-sbaraglia-critica-super-cinema-up-3.jpg” transparent_background=”off” allow_player_pause=”off” inner_shadow=”off” parallax=”on” parallax_method=”off” make_fullwidth=”off” use_custom_width=”off” width_unit=”on” make_equal=”off” use_custom_gutter=”off”][et_pb_row admin_label=”row”][et_pb_column type=”4_4″][et_pb_text admin_label=”Texto” background_layout=”light” text_orientation=”justified” background_color=”rgba(234,234,234,0.6)” use_border_color=”off” border_color=”#ffffff” border_style=”solid” custom_padding=”10px|10px|10px|10px”]
Não é novidade para muitos que o cinema argentino tem se destacado como um dos mais promissores ao redor do mundo nos últimos anos. Com a virada do século, o cinema latino-americano evoluiu muito e chamou a atenção dos cinéfilos para muito além dos blockbusters de Hollywood, e nossos hermanos se tornaram uma das grandes referências continentais. Prova disso foi a conquista do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com “O Segredo dos Seus Olhos”, em 2010.
Por que o cinema sul-americano demorou tanto para ganhar tamanho destaque mundial? Isso talvez seja assunto para outro texto, mas é importante pensarmos no passado conturbado desses países. Ditadura e corrupção, por exemplo, afetaram diretamente a indústria cinematográfica, por meio da censura ou falta de incentivo financeiro. Mas, o futuro parece otimista. Na própria Argentina, o país se tornou recentemente um dos primeiros do mundo a adicionar a sétima arte como parte do currículo escolar infantil.
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E nem só de drama vive o cinema argentino. A variedade de estilos e gêneros é incrível, uns optando por uma abordagem mais crua e realista, outros apostando nas comédias românticas e suspenses. Ano passado tivemos o excelente “No Fim Do Túnel” – um dos meus suspenses favoritos de 2016 – e este ano surge outro bom candidato: “Nieve Negra”, de Martín Hodara. O diretor conta com dois dos grandes nomes nacionais (Ricardo Darín e Leonardo Sbaraglia) para estrelar essa história forte sobre conflito familiar.
Salvador (Darín) passou a viver isolado no meio da Patagônia após ter sido acusado de matar acidentalmente o irmão mais novo durante a adolescência. Muito tempo depois, seu irmão Marcos (Sbaraglia), acompanhado da recém-esposa Laura (Laia Costa), decidem visita-lo para falar de uma oferta feita pelas terras onde Salvador vive, mas que pertence a todos os irmãos pela herança. Como podem imaginar, um passado traumático e cheio de segredos, aflorado por uma quantia absurda de dinheiro envolvido não poderia acabar bem. Nas palavras do próprio diretor, a ganância e a vingança destroem famílias e envenenam o coração do ser humano. “Nieve Negra” traduz muito bem esse conflito, mas é capaz de ir além e ser mais extremo, surpreendendo o espectador algumas vezes.
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Para atingir esse resultado, Hodara – que também é o roteirista – conta sua história alternando o reencontro dos irmãos com flashbacks do passado sendo apresentados com frequência, porém rápidos e sugestivos, como se estivesse embaralhando as peças de um quebra-cabeça para ir juntando os fragmentos aos poucos. Novos personagens e fatos relevantes vão sendo revelados sem pressa, deixando o espectador realmente curioso pelo desfecho.
Talvez com receio de ser expositivo demais, Hodara entrega pouca informação ao espectador nos primeiros minutos. Ao mesmo tempo em que isso demonstra uma confiança na inteligência do público – algo que frequentemente incentivo em meus textos – pode soar confuso para algumas pessoas mais impacientes (lembre-se que nem todos gostam de quebra-cabeças), as desencorajando de investir na trama. Mas, garanto que vale a pena persistir ligado, pois no segundo ato o filme finalmente encontra seu ritmo ideal e os eventos tornam-se mais objetivos.
Acho “Nieve Negra” um título fascinante, pois expressa bem a dualidade da trama. Quando pensamos em neve, lembramos de Natal, boneco de neve ou o branco que nos remete a paz. O negro do título, por sua vez, subverte na nossa mente essa ideia agradável. Ele lembra algo sombrio, sujo, que está contaminando a pureza da neve. E para mim essa é a ideia do filme. Uma família – algo amoroso, positivo – contaminada por pecados horríveis e fadada cada vez mais à escuridão. Será possível uma conciliação entre os irmãos depois de tantos anos sem se falar?
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Algo em que o filme deixa um pouco a desejar é na profundidade dos personagens. Acredito que eles consistem muito mais nos estereótipos que representam do que em pessoas que pareçam “reais”. Por exemplo, Salvador é um homem calado, solitário e obviamente detesta o irmão. Marcos parece sentir remorso pelo que aconteceu no passado, mas foi covarde demais para resolver a situação quando devia. Já quanto a Laura e os outros personagens, sabemos e (mais importante) sentimos menos ainda. Ou seja, fica tudo praticamente na linha do superficial.
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Segundo Hodara, manter esse mistério sobre os personagens foi uma escolha, para evitar que o espectador criasse afeição ou desafeto por um ou outro antes do tempo. Considerando que o filme precisa do mistério para funcionar, é uma justificativa aceitável, mas que por outro lado mantém o espectador muito distante do conflito, apenas com o papel voyeurístico e curioso em saber o destino dos personagens, com pouquíssimo envolvimento emocional. Afinal, como vamos torcer por alguém que não sabemos se merece ou não nossa simpatia?
“Nieve Negra” se beneficia muito da experiência e qualidade de Darín e Sbaraglia, que juntos em cena passam muita credibilidade aos sentimentos complexos que os irmãos sentem com relação um ao outro. Laia Costa, apesar de se destacar pontualmente durante o filme, também entrega uma atuação bastante plausível. Completam o elenco Federico Luppi, como um intermediário da negociação pelas terras e Dolores Fonzi, como a irmã da dupla, que vive em um hospital.
Tecnicamente, o filme não deixa a desejar em nada as grandes produções. A fotografia explora bem as cenas externas do ambiente praticamente inóspito para compor belas imagens. Mas o destaque mesmo vai para o design de som, deixando os barulhos mais sutis perceptíveis e reforçando no espectador o desconforto da situação (e a ideia de não ser bem-vindo). Há pouco diálogo, aliás esse também é um tema importante abordado, como a falta de comunicação pode causar estragos irreversíveis a curto e longo prazo.
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Sendo assim, “Nieve Negra” é o tipo de filme onde nada é o que parece e cada revelação é capaz de chocar o público. Violência, inveja, ganância e muitos dilemas morais são abordados por meio de uma atmosfera paciente demais, mas nem por isso desinteressante. Tenho uma pequena ressalva com a reviravolta do segundo para o terceiro ato, mas seria impossível abordar sem dar spoilers, e essa não é minha intenção. Posso dizer que soa improvável e apressada demais.
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Mas, se você é o típico espectador que gosta de receber as informações aos poucos e que não se importa em pensar para tentar juntar as peças do enigma, o filme é um prato cheio para suas habilidades de detetive. E o final… Ah, como é bom ver finais corajosos no cinema. Apesar de algumas ressalvas e pequenos desperdícios de potencial, “Nieve Negra” é mais um bom acerto do ótimo e variado cinema argentino que chega por aqui. Incentive a ida ao cinema e não perca essa oportunidade!
E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!
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