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Alguns filmes conseguem despertar sensações completamente distintas na gente. “O Fantasma da Sicília”, escrito e dirigido pela dupla Fabio Grassadonia e Antonio Piazza, é provavelmente o maior exemplo que chegou aos nossos cinemas esse ano. As imagens maravilhosas proporcionadas pelas lentes de Luca Bigazzi (de “A Grande Beleza”) contrastam fortemente com o horror e crueldade por trás da história de crime, baseada em fatos reais.
O filme conta a história do desaparecimento do garoto Giuseppe (Gaetano Fernandez) na região siciliana da Itália no começo dos anos 90. Naquela época, a máfia aterrorizava a vida dos moradores, condicionados a viver sob o regime do medo e da repressão. Nascidos e criados na região, os diretores buscam mostrar como a subcultura da máfia influenciava negativamente a vida das pessoas.
No entanto, Grassadonia e Piazza fogem dos clichês comuns em dramas do gênero, criando uma espécie de fábula mostrada do ponto de vista da garota Luna (Julia Jedlikowska). Através de uma bela história de romance jovial e proibido, “O Fantasma da Sicília” está muito mais para a fantasia e o suspense, lembrando vagamente “O Labirinto do Fauno” – uma forma criativa encontrada pelos realizadores de prender o espectador sem saber o que está por vir pela frente.
Quando Giuseppe desaparece, a única que se empenha em encontra-lo é Luna. Seus pais, professores, colegas e a própria família do garoto parecem não se importar, conformados com a situação. Claramente há um segredo ali, algo tão perigoso que os impede sequer de falar sobre o assunto. Isso gera uma angústia tanto na jovem e apaixonada protagonista, quanto em nós espectadores. Afinal, como diz a frase: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.
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Concebido em ritmo calmo e paciente – dando muito destaque para a beleza da natureza e planos abertos maravilhosos da paisagem – o filme é triste e melancólico, pois nada pior do que ver alguém com espirito aventureiro perder a liberdade daquela forma. Qualquer um que sabe o sentimento de conhecer alguém que precisa de ajuda, e não conseguir lhe estender a mão ou fazer algo a respeito deverá ser tocado pela obra. Nada mais cruel do que ver a inocência interrompida. Apenas quem ama é capaz de ir até o limite em busca da verdade.
“O Fantasma da Sicília” também pode ser lido como um filme sobre amadurecimento e a rebeldia que vem no processo. Todos os adultos são representados por figuras indiferentes ou irresponsáveis – como o pai diabético que toma refrigerante na garrafa – obrigando a garota a agir por conta própria. Entre cavernas misteriosas e florestas abandonadas está Luna, uma jovem que precisa ser forte por necessidade e que muito cedo vai aprender a conviver com o sentimento da perda.
Premiado no Festival de Sundance e selecionado para a Semana da Crítica em Cannes, o filme é uma ótima opção para quem busca um drama diferente, com elementos fantásticos e, mesmo que soe como uma frase clichê, imagens realmente parecem pinturas na tela. Com boa contribuição por parte do elenco (destaque para Julia Jedlikowska), por mais que falte cadência de ritmo em determinados momentos, essa trágica história de amor incondicional assombrada pela mão “invisível” da máfia italiana é uma experiência que merece ser vista e apreciada no cinema.
E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!
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