Costumam dizer que boas obras literárias podem render boas adaptações cinematográficas, certo? Porém, toda regra tem sua exceção. Este é o caso de ‘O Sétimo Filho’, adaptação do primeiro volume da série ‘As Aventuras do Caça-Feitiço’, do autor inglês Joseph Delaney. O filme, que estreou há algumas semanas nos cinemas, traz Jeff Bridges, Julianne Moore, Ben Barnes, e grande elenco. A direção é de Sergey Bodrov (‘Alguém para Amar’ e ‘A Sucessão’).
O filme gira em torno da história de John Gregory, interpretado por Brigdes, o sétimo filho de um sétimo filho. O mestre Gregory, como também é conhecido, mantém a ordem em uma cidade do século XVII, livrando-a dos maus espíritos, dentre eles Malkin (Julianne Moore), uma poderosa bruxa. Ele se alia ao jovem Thomas Ward (Ben Barnes), filho de um fazendeiro e também o sétimo filho de um sétimo filho, para derrotar Malkin, que se libertou de um cativeiro, e todas as forças do mal que voltam com ela.
O que poderia ser uma das maiores estreias do ano, tratando-se de filme de fantasia ou uma aventura épica, pode ser considerada uma má investida do diretor e, principalmente, dos roteiristas Charles Leavitt e Steven Knight. O filme, rodeado de clichês, não apresenta nada inovador, e, para compensar essa falha, o diretor tenta apostar em efeitos especiais primários e não muito convincentes. As cenas de passagem do tempo chegam a ser simplórias. A intenção era revelar ao público um roteiro surpreendente, mas de surpreendente não há muito. Além disso, o filme “sofre” de má edição e de um roteiro mal acabado.
Durante o filme, toda a sinopse é mal esclarecida. Algumas partes ficam perdidas e o telespectador ainda mais desorientado por conter furos no roteiro. O filme começa aceleradamente, quando o personagem de Bridges surge com suas aventuras, e toda a apresentação do mundo em que se passa a trama, mas elementos importantes são deixados em segundo plano e são explicados quase no final do filme.
É importante frisar que a trama possui personagens curiosos e com características interessantes, que poderiam render algo diferente à proposta do filme, mas ainda assim não funcionou. Cheio de diálogos longos e com um aspecto cansativo, os personagens não foram bem explorados, como foi o caso do personagem de Jeff Bridges, que mesmo com todo seu esforço e talento não convence interpretando o caça-feitiços. Suas cenas de luta são exageradas e a interpretação muito carregada para quem está acostumado a ver papeis mais leves do ator.
A atriz Julianne Moore, após sua interpretação em ‘Para Sempre Alice’, não conseguiu passar o mesmo carisma e veracidade como no papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz. Malkin é uma bruxa poderosa, mas soberba e ao mesmo tempo caricata. Já Ben Barnes, após interpretar o príncipe Caspian em ‘As Crônicas de Nárnia’, esperava-se uma interpretação visceral, algo surpreendente, e o que ele pode oferecer foi um personagem simplório e sem muita criatividade, apesar das premonições do garoto que interpreta.
O filme oscila entre momentos de ação e momentos de pleno marasmo, não permitindo ao público ter uma concepção definitiva sobre ele. Além dos atores citados, é possível ver o restante do elenco trabalhando muito no “automático”, como é o caso de Antje Traüe – a Faora-Ul de ‘Man of Steel’ -, que interpreta a irmã de Malkin. É claro que os dois filmes são diferentes, mas conhecendo o potencial da atriz, torna-se incrédula a atuação dela em ‘O Sétimo Filho’.
O filme chega a decepcionar também no design de produção, na montagem e na fotografia, tornando-se categorias pouquíssimas elaboradas. A trilha sonora, apesar de pouco evidente, ainda é um elemento que não pode ser desconsiderado, pois ela ainda funciona como um “sopro de vida” para o longa. Apesar dos problemas que o filme apresenta, ‘O Sétimo Filho’ é uma história para entreter, e levar o espectador a desejar estar em um mundo de plena fantasia!
Trailer do filme: