O que faz uma pessoa ser capaz de matar?

O limite entre a vontade de matar e a execução tem fascinado a audiência no cinema há anos, desde os traumas familiares de Norman Bates até o apetite do Dr. Hannibal Lecter. Recentemente a febre das séries de “True Crime” chegou aos podcasts e streamings alimentando a curiosidade ainda mais do público sobre entender o que se passa na mente de um assassino.

Na esteira dessa curiosidade, “O Velho” traz o encontro do jornalista vivido por Junno Andrade em busca de entender a mente do serial killer de quase 80 anos interpretado por Luiz Guilherme.

A obra que adapta a peça homônima do roteirista Márcio Alemão Delgado traz uma reflexão sobre o revanchismo e a mente cruel de um assassino. O velho usa sua experiência para provocar e entrar na mente do jornalista fazendo ele questionar suas próprias noções de moral apenas para provar que qualquer um é capaz de matar. O diretor Daniel faz uma interessante direção cênica dos atores, mas há uma dificuldade de criar um clima mais tenso para o encontro entre o repórter e o criminoso.

O filme mantém a estrutura teatral e ousa pouco na montagem e na fotografia para ambientar a tensão do encontro dos dois personagens. A direção de arte também foi bem econômica para fazer a transição entre o teatro e o cinema.

O tema abordado no filme leva uma discussão pertinente nos dias atuais com as medidas de flexibilização de armas e acirramento da polarização políticas que fazem com que as motivações como a do Velho sejam o encontro entre a gasolina e o fogo.

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