Após 13 anos do lançamento de “X-Men: O Confronto Final”, a Fox escolheu usar novamente o arco da Saga da Fênix Negra. Publicadas em 1980, as HQs que contam a história do poder ilimitado de Jean Grey, tornaram-se um clássico do gênero e mais uma vez encerram um ciclo da franquia X-Men nos cinemas, dessa vez, a despedida dos mutantes da Fox, após a compra pela Disney. E depois de dois adiamentos, “Fênix Negra”, o 12º filme dos X-Men (contando com os dois filmes do Deadpool), encerra esse ciclo, não da maneira precisa e grandiosa que se espera dessa história, mas ainda assim com competência suficiente para não se tornar um desastre completo.
Durante uma missão espacial, a tripulação americana se depara com uma explosão solar que afeta o ônibus espacial os colocando em risco, o presidente logo contata Charles Xavier (James McAvoy) através de uma linha direta pedindo a ajuda dos X-Men, e mesmo com as ressalvas de Hank (Nicholas Hoult) e Raven (Jennifer Lawrence), Charles logo aceita a missão, para ele é importante manter as boas relações com o governo e a imagem de herói que agora os mutantes tem, mesmo que isso os coloque em risco, a boa relação entre humanos e mutantes é tênue e deve ser garantida a qualquer custo. E desta vez quem acaba correndo o risco é Jean (Sophie Turner) que para salvar a todos absorve toda a energia da explosão solar, o que faz com que ela se torne ainda mais poderosa, poderosa o suficiente para ultrapassar a escala de medida de poder construída por Hank.
Todo esse poder faz com que Jean se torne instável enquanto revive traumas de sua infância que a tempos estavam muito bem escondidos em sua mente, e que desta vez nos são apresentados em forma de flashback. Enquanto Jean passa por seu conflito pessoal se transformando na criatura mais poderosa da galáxia, em outro canto da trama acontece a invasão de uma raça alienígena colonizadora, liderada por Vuk (Jessica Chastain) que deseja tomar o poder absorvido por Jean para si.
As mesmas frases de efeito e as mesmas discussões e como a sociedade é sensível aos mutantes e de como todos temem aquilo que não podem controlar estão de volta, mas a mudança de protagonismo faz com que o Professor Charles Xavier que sempre foi o símbolo patriarcal de sabedoria e é a base dos X-Men dessa vez seja questionado, o personagem aqui apresenta uma ambiguidade revigorante, seus motivos, controle e ego são contestados e o centro das discussões em torno do certo e o errado que antes era propriedade de Xavier e Erik (Michael Fassbender) passa para as personagens de Lawrence, Turner e Chastain, o longa reconhece a época em que estamos e aposta no protagonismo feminino.
Porém os diálogos fracos de buscar controle interior, “você pode tudo se colocar sua mente nisso” e pense no que fulano iria querer, parecem tirados de qualquer vídeo de coach por aí, e fazem com que as relações pareçam superficiais mesmo que elas estejam sendo construídas a tantos filmes, com exceção da dupla formada por Fassbender de e McAvoy que tem uma química notável os outros personagens não parecem velhos conhecidos. Sophie Turner também faz um bom trabalho construindo a dualidade Jean Grey Fênix Negra, ela oscila entre a garota com raiva traumatizada e a criatura poderosa e petulante mantendo a intensidade de uma eminente supernova.
Os diálogos repetitivos e a introdução de vilões mal desenvolvidos faz com que o filme tenha ritmo arrastado o tornando cansativo, o que passa a impressão de que o tempo de duração é muito maior do que realmente é, toda uma expectativa é criada para os confrontos inevitáveis, que de fato são momentos divertidos e bem desenvolvidos, mas a empolgação trazida pelas cenas de luta é aplacada por todo o resto. E afinal de contas quem é Vuk? Qual o objetivo dela? Ela é realmente necessária para trama? Tem certeza de que ela e seus aliados não fazem parte da franquia Arquivo X e não X-Men?
“X-Men Fênix Negra” apesar de sofrer pela mesmice de uma franquia que foi esticada até não caber mais, tem boas cenas de ação e atuações consistentes e é um final razoável para que, agora, sob nova direção quem sabe ela ressurja das cinzas.