Perdido nas Prateleiras #2 : Tiranossauro

Pimenteiros de plantão! Continuando nessa terra desconhecida, além dos campos esverdeados dos grandes lançamentos. Se esta é a sua primeira visita, este é o Perdido nas Prateleiras, aqui temos a intenção de falar sobre coisas valiosas que passam despercebidas no nosso radar. Uma vez por semana (sexta-feira) falaremos sobre alguma obra pouco famosa. Coisas que estão por aí e talvez você não conheça, e se você conhecer, compartilhe essas raridades que merecem a nossa atenção e a de todos.

Hoje falarei para vocês sobre um drama. Um dos melhores filmes de 2011. Ano que reuniu lançamentos como o excelente ‘Meia-Noite em Paris’, ‘X-Men: Primeira Classe’ – o único acerto da franquia-, o contestado porém ótimo ‘A Pele que Habito’, ‘Melancolia’ e a conclusão da saga ‘Harry Potter’. Porém hoje falaremos sobre o forte e violento: Tiranossauro.

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A história nos apresenta Joseph, um viúvo desiludido, que tem sérios problemas com a raiva, em um desses transtornos encontra Hannah, uma mulher com um casamento conturbado. O filme aborda temas como o luto, a violência contra a mulher, e a transformação através do caos.

A história pode parecer familiar, os personagens podem soar como mais do mesmo, mas a execução da trama é o diferencial em Tiranossauro. Com um roteiro simples que guarda para o seu final a satisfação de um grande filme, temos aqui personagens muito bem trabalhados. Joseph é agressivo, é problemático, acredita pertencer a pior classe da espécie humana, é um homem descrente de tudo, mas ao decorrer do filme você começa a enxergar nos atos do Joseph uma válvula de escape para seus sentimentos. Já Hannah, é um mulher religiosa, bondosa, com esperança que mesmo com todos os problemas no casamento, um dia eles irão embora, a sua fé é demasiadamente testada durante o filme, e o que vemos é uma mulher que se encontra até mesmo sem Deus.

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O ponto forte de Tiranossauro, é a forma com que ele lida estas situações. A desumanização é bem retratada, fazendo com que toda e qualquer violência tenha uma justificativa, você vai tomar ódio pelos personagens, e essa é justamente a ideia, porém ao final você vai se ver questionando seus julgamentos anteriores.

É curioso, baixei o filme na locadora do Paulo Coelho, e deixei-o na geladeira por um tempo, não via perspectiva para este filme, a sinopse não era o bastante. Até descobrir que o filme tinha concorrido ao BAFTA e ganhou. Aquilo gerou interesse pelo primeiro filme de Paddy Considine. Logo no começo do filme já grudei na cadeira e não consegui mais sair daquela história até ela acabar, e quando ela acabou, me presenteou com um daqueles finais que você fica alguns minutos parado tentando entender o que aconteceu.

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Levando a maldade do ser-humano para dentro da tela, o diretor Paddy Considine, nos traz algo visceral, é daqueles filmes que o coração bate mais forte, que os diálogos te levam para algum lugar inabitado e os acontecimentos podem chocar, mas mesmo assim o longa te ganha. Diante do debate contemporâneo sobre a violência contra a mulher, Tiranossauro coloca vitima e agressor frente a frente, e o final é simplesmente fantástico!

Tiranossauro é um nome referencial dentro da trama, porém a metáfora vai além, com alguém desajustado, em um ambiente onde predadores e presas convivem e se colidem, vejo o nome descrevendo alguém que desistiu ou simplesmente morreu há muito tempo. E alguém simplesmente achou uma grande ideia recriar esses gigantes carnívoros e colocá-los em um parque temático, não calma, isso é outro filme. Rs

Esse foi o nosso filme da semana, mande sugestões ou algum filmes que passa despercebido pelo grande público, toda sexta teremos um filme novo no Perdido nas Prateleiras.

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