Perdido nas Prateleiras #8 : Terceira Estrela

Pimenteiros de plantão! Hoje faremos uma nova descoberta nessa terra desconhecida que vai além do universo dos grandes lançamentos. Se esta é sua primeira visita, este é o Perdido nas Prateleiras, aqui falamos sobre coisas valiosas que passam despercebidas no nosso radar. Uma vez por semana (sexta-feira) falaremos sobre alguma obra não tão comentada quanto as mais festejadas, coisas que estão por aí e talvez você não conheça, e se você conhecer compartilhe essas raridades que merecem a nossa atenção e a de todos.

Conhecemos James, um homem que convida seus três melhores amigos para acompanhá-lo em uma viagem para seu lugar preferido. O que vai fazer você grudar os olhos na tela é a revelação que ocorre nos primeiros minutos da trama. James está em estado terminal devido a um câncer. E graças a este plot inicial, Benedict Cumberbatch nos convida para – sem duvidas – um dos seus filmes mais brilhantes e íntimos.

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Pegando carona no hype de ‘Doutor Estranho’, pensei que os pimenteiros deveriam saber da existência de um dos trabalhos mais bonitos de um dos ídolos da nova geração. Temos aqui um filme que tem a intenção de molhar os lencinhos do seu público, mas nunca forçando tal situação. Tudo está nos detalhes, no impetuoso fato de se despedir da vida e beijar a morte.

Essa grata surpresa de 2010 nos acompanha nessa exploração sobre a vida de uma pessoa e como ela é afetada por determinados momentos e certas amizades. E que mesmo revelações avassaladoras resultam em histórias engraçadas. Acredito que o valor de humanidade que existe nos personagens é tão vívido, que a amizade entre os amigos e James é uma das coisas mais belas desde ‘Conta Comigo’. A cumplicidade é algo abordado e confrontado entre eles, o elo de uma vida com as pessoas, às vezes se torna inquebrável, até o momento de aceitar a morte chegar.

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Todo mundo pode perder alguém repentinamente, mesmo com aviso prévio, porém há aqueles que aceitam o próprio destino – algo que dever ser incomodo de se aceitar. E esse filme me fez compreender ainda mais a beleza das pequenas coisas, o sentido de ser, e qual é o maior bem que podemos colecionar em vida: nossas histórias.

Nada nos traduz mais do que os livros que lemos, os filmes que vemos, as músicas que escutamos, as coisas que apreciamos e o principal quem escolhemos para dividir essa experiência fantástica chamada vida.

Estender-me em análises técnicas talvez faça com que eu perca o vislumbre que o ato final me concede, por vezes o filme pode soar lento, arrastado, mas neste caso passamos a entender que para quem tem um ponteiro prestes a parar de girar, o simples barulho do mar é uma contemplação celestial. Saber o momento da morte ou a aproximação dela, nos torna seres medíocres, dependendo da percepção de quem enxerga a situação, mas ao chegar no final – abdicando de questões religiosas – enxergamos que podemos nos tornamos deuses ao entender a beleza que traduz a passagem pela vida e a “eternidade” que alcançamos ao deixá-la.

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É um filme intimo e especial, daqueles que guardamos na prateleira ao lado dos clássicos. Daqueles que você fica abismado por ninguém ter ouvido falar. Longe de ser uma obra-prima, ‘Terceira Estrela’ é daqueles filmes necessários para a humanidade continuar seguindo em frente, mesmo que a passos lentos. Respirar filmes assim é o que faz o cinema viver.
Galera, essa foi à dica da semana, e semana que vem tem muito mais.

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