Inúmeras versões de Peter Pan já foram lançadas nas telonas. Fieis ou não à narrativa original, todas elas criaram alvoroço no público, que esperava encontrar finalmente uma que fosse o que realmente prometia. “Peter Pan”, dirigido por P.J. Hogan, de 2003, foi um filme de aventura bem produzido, mais fiel à versão criada pela Walt Disney. Já o “Peter Pan” de Joe Wright se foca em contar uma história diferente da que conhecemos.
Em “Peter Pan”, a história se passa antes da rivalidade entre o menino-fada e o famoso Capitão Gancho. Nessa nova versão, com roteiro assinado pelo americano Jason Fuchs, Peter e Gancho são amigos. Situação muito diferente da que vemos na animação da Walt Disney por exemplo. Nesta produção, a figura antagônica é interpretada pelo veterano Hugh Jackman, que dá vida ao cruel Barba-Negra, um homem que destrói fadas para que possa viver eternamente.
Hugh Jackman é um ator excelente, não há discussão em cima disso. Porém nem mesmo a sua autenticidade e talento conseguem salvar o personagem, e isso não é culpa de Jackman. Falhas no roteiro e a caracterização forçada apagam o brilho de um personagem que deveria ser o centro da história, ao lado de Peter Pan.
Falhas de roteiro acontecem em vários filmes do gênero, mas que são mascaradas pelos bem produzidos efeitos especiais e cenas de ação, que fazem o papel de entreter o espectador e prendê-lo até a última cena. Não é o que acontece em “Peter Pan”. O filme não cumpre o que promete em relação aos efeitos especiais. É fato que Joe Wright quis dar um toque lúdico à produção, mas esse “toque” se mostrou exagerado demais e não consegue trazer veracidade ao longa. Se para um adulto, “Peter Pan” falha nos pontos complexos, para as crianças, a aventura é ingênua demais. Levi Miller, Garrett Hedlund e Rooney Mara, que interpretam respectivamente os personagens Peter Pan, Capitão Gancho e Princesa Tigrinha se saem bem em seus papeis, mas não conseguem salvar a versão de Joe Wright. Além disso, o momento final da produção traz consigo a expectativa de que o motivo pelo qual Peter Pan e Capitão Gancho, até então tão amigos, passaram a ser tornar inimigos mortais fosse apresentado. Mais uma decepção, nada é esclarecido.
É nítido que Hollywood está imerso numa crise de criatividade. Não há motivo para generalizar, já que ótimas produções foram lançadas nos últimos anos e meses, porém é preocupante essa forma taylorista de se produzir diversas versões de uma mesma história ou remakes com novos atores. É claro que o Cinema precisa desses tipos de produções, que reinventam a forma de contar uma mesma história, mas precisa ainda mais de originalidade, de produções arriscadas, que trazem com elas grandes expectativas e a dúvida de como o público vai reagir. Grandes clássicos do Cinema foram frutos de ideias arriscadas, está na hora de arriscar.