“Primavera em Casablanca” mostra o lado obscuro de uma cidade eternizada num clássico do cinema

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O novo milênio iniciado em 2000 trouxe algumas rupturas com o tempo. Se a tecnologia mudou o mundo nesses primeiros anos, ela foi peça fundamental para ser o ponto de partida para a “Primavera árabe” que em 2011 mudou completamente alguns países do Oriente Médio e o norte da África.

Anos oprimidos em governos teocentristas e ditatoriais uma manifestação popular que ganhou força na internet depôs alguns governos que se perpetuavam há mais de 40 anos no poder em diversos países.

No Marrocos não foi diferente, O Rei Mohamed IV abriu concessões e permitiu um referendo com diversas mudanças constitucionais para atender  a série de protestos que assolava o país. Tudo isso faz parte do contexto onde se passa “Primavera em Casablanca”.

A história começa nas montanhas do Atlas anos 80, quando o professor Abdallah (Amine Ennaji) luta para ensinar seus alunos, mas o regime religioso passou a interferir no conteúdo na sala de aula e até mesmo no idioma em que as aulas deveriam ser ministradas. Incomodado o mestre se afasta dos alunos por se sentir incapaz de continuar lecionando diante da opressão do regime e decide deixar sua esposa para trás e ir lutar pela democracia  na capital.

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Nos dias atuais somos apresentados a vários personagens entre eles Salima (Maryam Touzani) que vive o dilema de ser mãe ou não em uma sociedade extremamente machista. Joe (Arieh Worthalter) que é um judeu em um país onde a religião islâmica é predominante e sofre preconceito por isso. O jovem Hakim (Abdelilah Rachid) que vive na periferia e tem no Freddy Mercury um de seus ídolos, e vale o destaque para o bom uso das letras de grandes sucessos da banda inglesa Queen para o grito por democracia abordado no filme, que vê jovens amigos seus sendo oprimidos pelo governo e tendo que se esconder para viver seu sonho com cantor.

Enquanto essas histórias de vida são apresentadas vemos uma cidade em ebulição junto com os dilemas internos de cada um. Aos poucos entendemos que o grito e o protesto de alguns é a reivindicação de todos por democracia e liberdade num mundo moderno que vive sob regras ultrapassadas e pautadas pelo fanatismo religioso.
O longa com uma bela fotografia traz uma visão diferente daquela que ficou imortalizada no cinema com o clássico ”Casablanca“ de 1942 e uma curiosidade da produção do filme se torna uma realidade voraz que salta aos olhos durante os 119 minutos do filme.

O longa americano estrelado Humpfrey Bogart e Ingrid Bergman apesar de se passar na cidade Marroquina que dá nome a produção não teve nenhuma cena rodada por lá.

As sombras escondidas de Casablanca ganharam os olhos do mundo junto com a esperança de dias melhores para as novas gerações em país mais democrático e menos preconceituoso.

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