13 Sentimentos

Dez anos após o sucesso de “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, o diretor brasileiro Daniel Ribeiro, retorna com “13 Sentimentos”, que estreia nesta quinta-feira (13) nos cinemas.

A trama segue João, interpretado por Artur Volpi, um cineasta em início de carreira que enfrenta o fim de um relacionamento de uma década. Tentando seguir em frente, ele se aventura nos aplicativos de namoro e logo se apaixona por Vitor, vivido por Michel Joelsas. No entanto, o desafio de equilibrar os sentimentos persistentes pelo ex-namorado com a construção de um novo amor torna-se o foco central da sua jornada.

Os cenários e fotografia de “13 Sentimentos” são um destaque notável, com a direção de arte de João Vitor Lage utilizando cores vibrantes que enchem os olhos. Esse cuidado técnico e visual é uma marca do diretor que carrega esse olhar sensível para retratar as emoções de seus atores através de escolha de enquadramento, nas cores e composições de cena.

Com uma direção muito pessoal, Ribeiro mostra cenas em ambientes internos quanto externos que retratam o centro de São Paulo e o cotidiano de paulistanos jovens e cools, que adoram ir em cafés e salas de cinema de rua. Por ser um filme mais maduro sobre a vida adulta dos 30+, o filme foca em personagens LGBTQIAP+ que poderão se identificar em diversas questões que o longa aborda, que passa pela rotina até o sexo.

O roteiro de “13 Sentimentos” espelha a dualidade entre a idealização e a realidade emocional. João transforma suas vivências pessoais em material para um roteiro, mas a diferença entre sua visão idealizada e a dura realidade oferece uma perspectiva intrigante sobre a relação entre arte e vida. No entanto, a montagem do filme apresenta falhas que comprometem a clareza da narrativa. A transição temporal e a fértil imaginação de João são mal organizadas, o que pode confundir o espectador. Embora essa desordem possa refletir a mente tumultuada do protagonista, a falta de coesão narrativa afeta negativamente a experiência.

Entre os romances e relações casuais, os amigos do protagonista, Alice (Julianna Gerais) e Chico (Marcos Oli), fornecem um apoio essencial. A interação entre eles é autêntica, e os atores oferecem performances que adicionam profundidade ao filme, além de também serem o alívio cômico.

O longa captura a complexidade do amor e do luto de maneira íntima e simplista, talvez até demais. Ribeiro continua a demonstrar uma sensibilidade notável ao explorar temas de amor, desta vez explorando a vida adulta, onde o personagem também precisa lidar com sua carreira profissional.

Por fim, “13 Sentimentos” não atinge o mesmo impacto que “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, poderia ter criado um roteiro mais interessante sobre as lutas internas de João. Mas mesmo com suas imperfeições, ainda assim oferece uma visão honesta das complexas nuances sobre a vida adulta.