7,7/10

Othelo, O Grande

Diretor

Lucas H. Rossi

Gênero

Documentário

Elenco

Grande Otelo, Zezé Motta

Roteirista

Henrique Amud, Lucas H. Rossi, Fermino Neto

Estúdio

Globo Filmes

Duração

90 minutos

Data de lançamento

05 de setembro de 2024

Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, foi um dos maiores atores e comediantes do país. Órfão e neto de escravos, escapou da pobreza para forjar uma carreira que rompeu todas as barreiras imagináveis para um ator negro.

“Othelo, o Grande”, premiado como o Melhor Documentário no Festival do Rio 2023, estreia nos cinemas no dia 5 de setembro e promete ser um marco para os amantes de cinema brasileiro. Dirigido por Lucas H. Rossi, o documentário oferece uma visão potente e emocionante sobre Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, um dos mais icônicos atores e comediantes do país.

Distante do formato convencional de documentários, que frequentemente se baseiam em entrevistas com familiares, amigos ou especialistas, “Othelo, o Grande” adota uma abordagem poética e audaciosa. Rossi abraça um vasto acervo de imagens raras e preciosas. Embora a produção tenha gravado 20 entrevistas com figuras ilustres da cultura nacional, como Zezé Motta e Zé Celso, os depoimentos não foram inclusos na edição final. Essa escolha por um documentário poético permite que o próprio Otelo, através de suas falas e performances, conduza a narrativa de sua vida e carreira.

A decisão de concentrar-se exclusivamente em material de arquivo e nas palavras do próprio Otelo se revela um desafio monumental, mas também um gesto de respeito pela singularidade do artista. O resultado é uma imersão profunda na trajetória de um homem que, além de ser um brilhante ator, cantor e comediante, também lutou contra o racismo e as barreiras impostas a ele pela sociedade.

Um dos pontos mais positivos é como a abordagem do filme revela a genialidade de Otelo, onde testemunhamos um pouco dos seu desafios pessoais e profissionais.

O documentário não só celebra a carreira de Grande Othelo, mas também lança luz sobre um problema crítico da preservação audiovisual no Brasil. Durante a pré-estreia do filme em São Paulo, o diretor destacou que a pesquisa para o filme revelou a precariedade com que muitos arquivos históricos são conservados, sublinhando a urgência de uma maior proteção para o nosso patrimônio cultural.

O documentário destaca momentos essenciais da carreira do artista, incluindo suas colaborações memoráveis com Oscarito e suas participações em filmes emblemáticos como “Macunaíma” e “Fitzcarraldo”. A escolha de Rossi de incluir trechos desses trabalhos e análises reflexivas oferece um panorama multifacetado da carreira do artista, como o seu encontro com Orson Wells, que proporciona uma perspectiva rara sobre o sumiço de filmes que documentavam verdades cruciais sobre o Brasil na década de 40.

A montagem do filme, que demorou anos para ser concluída, é um dos seus maiores trunfos. A estrutura não-linear, característica dos documentários poéticos, é executada com maestria, proporcionando uma experiência fluida e envolvente. A construção narrativa consegue tecer um retrato coeso e emocionante de Otelo, combinando imagens de arquivo com sua própria voz de maneira que revela a profundidade e a complexidade do artista.

“Othelo, o Grande” não é apenas uma celebração da arte e da comédia; é uma declaração poderosa sobre a luta por justiça e reconhecimento. Grande Otelo, com sua habilidade inigualável de fazer rir e seu profundo engajamento com questões sociais, se destaca como uma figura transcendente que continua a inspirar. Este documentário é uma peça essencial para entender não só o impacto cultural de Otelo, mas também a persistência e a relevância de suas reivindicações, que ainda ecoam no cenário atual.

10

Missão cumprida

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