A Freira 2
Diretor
Michael Chaves
Gênero
Terror
Elenco
Taissa Farmiga, Storm Reid, Jonas Bloquet
Roteirista
Ian Goldberg, Richard Naing e Akela Cooper
Estúdio
Warner Bros. Pictures
Duração
110 minutos
Data de lançamento
07 de setembro de 2023
A franquia, ou melhor – o universo, de Invocação do Mal, iniciado por James Wan 10 anos atrás, é um dos mais relevantes do cenário do terror contemporâneo. Portanto, fez sentido a produção de um spin-off para a figura sombria da freira que já era uma aparição constante nas histórias do casal Warren, com o bônus de Taissa Farmiga, irmã mais nova de Vera Farmiga, a atriz que vive Lorraine Warren, ser a protagonista no filme lançado em 2018. Em A Freira, fomos apresentados à irmã Irene (Taissa Farmiga), uma garota prestes a se tornar freira, que junto com um padre é mandada pela igreja para tentar desvendar o mistério do suicídio de uma freira numa abadia na Romênia. No caminho, eles conhecem Maurice (Jonas Bloquet), mais conhecido como Frenchie e são atormentados pela Freira, ou Valak, e descobrem uma parte da “mitologia” que envolve esse demônio.
Se um filme d’A Freira fazia sentido por conta da franquia, uma sequência só faz sentido monetariamente. Isso porque “A Freira” foi um fracasso de crítica e até pelos fãs da franquia é considerado o filme mais fraco, mas a bilheteria foi extremamente positiva: A Freira faturou mais de 350 milhões de dólares, tendo custado menos de 25 milhões para ser feito. Considerando que a sequência vem, quase que unicamente, como uma oportunidade de lucro, é um alívio constatar que é, ao menos, significativamente melhor do que o original. É possível ver que Michael Chaves (que já havia dirigido Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio) tem ideias mais ambiciosas e técnicas menos “batidas”, mas, infelizmente, isso não significa que A Freira 2 seja um filme realmente bom.
O filme começa poucos anos depois dos acontecimentos de A Freira, Irene está em uma nova igreja, onde conhece a noviça Debra (Storm Reid) que ainda tem suas dúvidas e questionamentos em torno da religião que lhe foi “imposta” pela família. Enquanto isso, Frenchie (que terminou o primeiro filme possuído, é importante lembrar) está trabalhando como ajudante numa escola para meninas e suas histórias correm em paralelo pela maior parte do filme. A preocupação de Chaves em desenvolver os personagens e suas histórias pessoais é aparente e bem-vinda, apesar de acabar se estendendo mais do que o necessário. As atuações, principalmente de Farmiga e Reid, ajudam a aprofundar as personagens e descobrimos mais sobre o passado e a família de Irene.
O enredo em si não traz nada realmente novo, até mesmo no que diz respeito a Valak, as informações inéditas ainda parecem superficiais e não são suficientes para transformar a Freira num personagem realmente interessante. Assim como no primeiro filme, a irmã Irene é enviada em missão pela igreja depois da morte misteriosa, dessa vez, de um padre que foi queimado. Irene e Debra vão investigar e encontram novas conexões entre Irene e a igreja, enquanto Frenchie e as jovens estudantes também são atormentados pela Freira, até que uma relíquia católica entra em cena e seus caminhos se cruzam.
Uma das coisas que mais me incomodou em A Freira é um problema constantemente encontrado em filmes de terror: a falta de sutileza. Tudo, todo o horror, é escancarado e gráfico, os sustos, as aparições de Valak, isso atrapalha o suspense e evidencia os clichês. Esse problema foi mais disfarçado na sequência e os elementos do terror são melhor trabalhados, muito por conta dos movimentos de câmera de Chaves, mas no terceiro ato esse terror mais “grosseiro” volta com tudo. Os tropos narrativos acontecem incessantemente e os jumpscares não funcionam como deveriam, uma vez que praticamente tudo é esperado. A grande exceção é uma sequência em que vemos o demônio assumir outra forma senão a de Valak com as jovens estudantes e o resultado é realmente aterrorizante e uma agradável surpresa. Inclusive, as melhores sequências vêm justamente da escola.
Outra coisa que chama atenção em A Freira 2 é sua inclinação para o catolicismo. Não que isso seja uma surpresa num filme chamado A Freira, com freiras como protagonistas, igrejas como cenário e etc., mas é surpreendentemente o quanto o catolicismo é apresentado sem um pingo de criticismo e um viés estritamente religioso, até mais do que no filme original. Religioso ou não, o que realmente atrapalha o desenvolvimento do filme é a trama forjada em clichês, com um roteiro nada inventivo e muita dependência em relação ao material principal da franquia.
Por Júlia Rezende