Abigail
Diretor
Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett
Gênero
Terror
Elenco
Alisha Weir, Melissa Barrera, Dan Stevens
Roteirista
Stephen Shields e Guy Busick
Estúdio
Universal Pictures
Duração
109 minutos
Data de lançamento
18 de abril de 2024
Há algo intrinsecamente divertido em filmes B com alto orçamento, principalmente quando o assunto é terror, as possibilidades se tornam infinitas. Em Abigail, novo filme dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (Casamento Sangrento e Pânico V e VI), esse potencial não é desperdiçado e o filme usa e abusa desse orçamento para expressar suas tendências mais gore, com direito a rios de sangue, mortes grotescas e suas caracterizações sobre vampiros. Se esses elementos te atraem, Abigail é um prato cheio e certamente te garantirá uma boa ida aos cinemas.
Com um roteiro praticamente inteiro explanado nos trailers (um erro cada vez mais recorrente das novas produções), Abigail é a história de um sequestro que deu errado. Um grupo de criminosos se reúne para sequestrar uma menininha, a Abigail (Alisha Weir), sem saber nada sobre ela e sua família, porém, ao levá-la à casa de seu “chefe”, o enigmático Lambert (Giancarlo Esposito), descobrem que o pai da menina é um homem poderoso e que eles teriam que ficar “cuidando” da criança pelas próximas 24 horas. Acontece que Abigail, que até então parecia apenas uma pequena bailarina indefesa, revela ser uma vampira e os predadores agora se tornam presas. É uma ideia, no mínimo, curiosa e dá o tom para o filme como um todo: apesar do orçamento e dos atores de qualidade, esse não é um filme sério.
O fato de Abigail ser uma bailarina não é mero detalhe, aproveitando do sucessos das danças em filmes de terror (M3GAN está aí para provar), o balé faz parte da personalidade de Abigail, que dá piruetas e faz pliés e outros passos enquanto caça os sequestradores (realmente não é um filme sério), com direito à uma sequência de dança inspirada – e uma das melhores partes do filme – junto com outro personagem. E a dança não é a única coisa que Abigail pegou emprestada de outros filmes de terror, com influências diretas a filmes como “Casamento Sangrento” e banho de sangue digno de “A Morte do Demônio”. O enredo, no geral, lembra também o filme “Noite Infeliz”, em que um personagem que deveria ser dócil na realidade é o contrário, dentro de um cenário de sequestro numa mansão em que as situações e armadilhas acabam lembrando, também, o clássico “Esqueceram de Mim”. Diferente de “Noite Infeliz”, Abigail poderia ter se apoiado mais no terrir; ainda que o filme tenha consciência de sua natureza cômica, as “piadas” nem sempre convencem e são mais escassas do que poderiam ser.
Abigail cumpre com seu compromisso de divertir (mesmo podendo se desfazer de alguns minutos), mas tem dificuldade em criar uma mitologia mais sólida para seu tipo de vampiro – as piadas sobre como matar um vampiro são boas, no entanto. Diante de todas as possibilidades que tinha à sua disposição, o filme poderia ter deixado de fora alguns clichês já desgastados e se esforçado mais para criar um universo para chamar de seu. Os personagens são caricatos e pouco explorados, mas se encaixam dentro do contexto da história cuja preocupação principal é zombar da situação. O final, apesar de energético, deixa pontas soltas que poderiam ter sido amarradas sem grandes dificuldades, sendo ligeiramente anti-climático, mas não o suficiente para estragar a experiência de quem estava se divertindo até chegar nele.
Por Júlia Rezende