Alien: Romulus
Diretor
Fede Alvarez
Gênero
Ficção Científica , Suspense
Elenco
Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux
Roteirista
Fede Alvarez e Rodo Sayagues
Estúdio
20th Century Studios
Duração
119 minutos
Data de lançamento
15 de agosto de 2024
Poucas franquias conseguem manter o nível de qualidade de Alien. Salvo alguns percalços no caminho, Alien criou uma identidade própria invejável e conquistou um lugar de honra entre as ficções-científicas. Seja com filmes originais e a presença marcante de Sigourney Weaver, ou as ramificações com Alien: Covenant e Prometheus, os novos filmes fogem à regra de “continuações ruins” e costumam ser bem recebidos pelo público. Felizmente, esse também é o caso de Alien: Romulus, que segue o caminho trilhado pelos anteriores com muito respeito, mas sem medo de colocar a sua própria filosofia em jogo e expandir possibilidades para o futuro da franquia.
Alien: Romulus, é ambientado num planeta cujo principal ofício de seus habitantes é a mineração. Diferente do que estamos acostumados, primeiro temos uma visão mais ampla do planeta em si e é puro caos, um planeta sem recursos e que nunca receba a luz solar. Os habitantes sonham em partir, mas cada um é obrigado a cumprir uma determinada cota de trabalho para que ganhe esse direito. Entre esses sonhadores está nossa nova heroína, Rain (Cailee Spaeny), que faz planos de ir para outro planeta com o android humanoide Andy (David Jonsson), que ela considera como irmão. Quando Rain está pronta para dar baixa em seu trabalho, no entanto, ela descobre que a cota foi dobrada, exigindo mais quase uma década de trabalho braçal para que ela possa considerar partir novamente. Decepcionada e desiludida, os amigos de Rain (Archie Renaux, Isabela Merced, Spike Fearn e Aileen Wu) a interam sobre seus planos de fuga: eles encontraram uma nave antiga abandonada em órbita e, juntos, pretendem usá-la para fugir para outro planeta. Se você já assistiu qualquer filme da franquia, você já sabe que uma nave abandonada significa.
Uma vez dentro da nave, Alien: Romulus deixa ainda mais claro suas raízes e suas referências aos filmes originais, afinal, o clima claustrofóbico que gera a tensão inerente à franquia vem justamente da falta de saída que só uma nave no espaço pode oferecer. A direção de Fede Alvarez, em conjunto com a direção de arte, que optaram sabiamente por efeitos práticos em vez de visuais, talvez tenha sido a melhor cartada dessa produção. Não só pelos aliens, mas principalmente por toda a ambientação da nave e da riqueza de seus detalhes, que ajudam a criar a atmosfera necessária para “recriar” até mesmo os elementos de terror mais presentes em Alien: O Oitavo Passageiro e Aliens, O Resgate; nisso também ajuda a trilha sonora intensa e, novamente, a direção de Fede Alvarez que sabe trabalhar muito bem a construção de uma cena aterrorizante, tomando o tempo necessário para que o clímax tenha o efeito desejado.
Esse respeito pelo timing se reflete também no respeito pela obra como um todo. O roteiro, que também é co-assinado por Fede Alvarez, é praticamente uma releitura fiel do primeiro filme e prova que entende a alma da franquia o suficiente para revitaliza-la, sem deixar que os produtos de nosso tempo a alterem mais profundamente, afinal “Alien” é uma franquia atemporal em todos os sentidos. O roteiro relativamente simples é potencializado pelas ótimas atuações de todos do elenco, com destaque para Cailee Spaeny, que agora tem a chance de demonstrar mais uma face de seu talento, fazendo um personagem mais robusto tanto emocional quanto fisicamente. Outro destaque é David Jonsson como um andróide, assim como nos outros filmes, o andróide carrega em si as maiores questões morais e filosóficas por trás dos alienígenas assassinos, mas seu personagem também carrega viradas importantes para a narrativa.
Para sair das sombras da franquia e adquirir sua própria identidade, o filme tem um final muito mais ousado e, certamente, inesperado. É uma surpresa positiva e um dos momentos mais impactantes de todo o filme e que talvez pudesse ter sido melhor explorado e aproveitado se tivesse acontecido um pouco mais cedo e não nos últimos minutos, puxando uma sequência que, provavelmente, já aconteceria de qualquer forma. Esse tem sido um movimento comum nos filmes de Hollywood nos últimos anos e, por mais que não tenha chegado a prejudicar a experiência de fato, também não é nenhuma vantagem. Seja como for, a expectativa para saber o que será feito no futuro foi criada – e com sucesso.
Por Júlia Rezende