6.2/10

As Marvels

Diretor

Nia DaCosta

Gênero

Ação , Comédia

Elenco

Brie Larson, Teyonah Parris, Iman Vellani

Roteirista

Nia DaCosta, Megan McDonnell e Elissa Karasik

Estúdio

Walt Disney Studios

Duração

105 minutos

Data de lançamento

09 de novembro de 2023

Quando os poderes de Carol Danvers, a Capitã Marvel, se entrelaçam aos de Kamala Khan, a Ms. Marvel, e aos de Monica Rambeau, atual astronauta da S.A.B.E.R., elas precisam aprender a trabalhar em conjunto para salvar o universo.

O primeiro filme da Capitã Marvel, lançado em 2019, foi também o primeiro filme da Marvel protagonizado por uma mulher e foi um sucesso de bilheteria, alcançando a impressionante marca de mais de 1 bilhão de dólares. Independente do mérito do filme em si, essa bilheteria foi, indiscutivelmente, impulsionada pela época “de ouro” da Marvel, entre Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato. Foi o primeiro filme da Marvel que eu assisti e realmente gostei, tanto que voltei ao cinema algumas vezes para assisti-lo e foi o que abriu as portas para que eu me interessasse pelos demais filmes de herói. Apesar da bilheteria e de muitas críticas positivas, a Brie Larson enfrentou um número descomunal de críticas que, muitas vezes, nem ao menos estavam relacionadas ao seu trabalho.

Cinco anos e muitas polêmicas depois (desde a direção de Nia DaCosta e a interferência de Kevin Feige, até semanas de refilmagem, entre outras coisas), As Marvels chega aos cinemas num momento completamente diferente do estúdio. Os últimos lançamentos da Marvel, com exceção de Guardiões da Galáxia Vol. 3, têm sido pouco inspirados e extremamente derivativos, além disso, contou com uma divulgação no meio da greve dos atores de Hollywood. Faz sentido dizer que o momento de lançamento não poderia ter sido menos favorável e tudo isso contribuiu para que as expectativas acerca do filme já fossem negativas, inclusive para mim, como fã. No entanto, depois de assistir As Marvels, saí do cinema com uma animação que há muito tempo não sentia com um filme da Marvel.

Enquanto em Capitã Marvel conhecemos a origem da super-heroína, agora ela divide tela com mais duas protagonistas: Kamala Khan (Iman Vellani), que já tinha sido apresentada na série do Disney+ e Monica Rambeau (Teyonah Parris), apresentada em Wandavision. A ligação entre Kamala e Carol Danvers vem da vilã Dar-Benn (Zawe Ashton), já a ligação entre Carol e Monica vêm do passado, já que Monica é filha de Maria Rambeau, tendo aparecido no primeiro filme. Enquanto Kamala é fã de Carol, Monica a ressente por ter sumido por todos esses anos, e essa tensão complica a relação entre as três, mas cria uma dinâmica mais interessante para se acompanhar e mantém a essência das personagens.

O humor está muito presente em As Marvels, seguindo o clima de Ms. Marvel, comédia é o forte de Kamala e até de sua família, que tem uma pequena, mas divertidíssima, participação. Apesar do humor estar concentrado nela, aparece em muitos outros momentos também, sendo a força motriz do filme. A relação entre Carol e Kamala é especialmente engraçada, mas outros momentos também merecem atenção, um deles quando as três conhecem um planeta com um idioma bem peculiar e outro envolvendo flerkens, gatinhos como a Goose, com uma trilha sonora no mínimo especial. Vez ou outra temos a impressão de que a piada poderia ter parado alguns segundos antes do que acabou, mas nada que prejudique o andamento geral e o saldo é mais positivo do que negativo nesse sentido.

Mesmo fazendo parte do Universo compartilhado da Marvel, Nia DaCosta conseguiu dar uma cara mais autêntica para o filme, sem deixar que a bagagem (não tão agradável nesse momento) da Marvel afetasse a narrativa desde o começo. A vilã é inédita e diz respeito apenas ao enredo de Capitã Marvel, é uma personagem nova, ainda que não seja uma vilã exatamente original, mas com qual frequência um filme de super-herói tem vilões realmente autênticos? Sua motivação, ao menos, é legítima e convincente, além de trazer o outro lado das responsabilidades daqueles com superpoderes.

O retorno da Capitã Marvel, acompanhado do retorno da Ms. Marvel e um aprofundamento da personagem de Monica acabou se tornando um evento adoravelmente divertido e com coração, o tipo de entretenimento que se espera de um bom filme de super-herói sem retroceder a arquétipos de personagens mais antigos e “engessados”. É realmente uma pena que tanto a personagem quanto o filme sofram com um preconceito mesquinho por uma parcela dos “fãs” do estúdio, mas aqueles que se derem a chance de assistir, e entender a proposta, terão uma boa ida ao cinema.

Mantendo o padrão Marvel, os momentos finais do filme deixam ganchos importantíssimos para uma nova, e promissora, fase do UCM, incluindo uma cena pós-créditos (e é só uma mesmo).

 

Por Júlia Rezende

8.5

Missão cumprida

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