
Better Man – A História de Robbie Williams
Diretor
Michael Gracey
Gênero
Musical
Elenco
Robbie Williams, Jonno Davies, Steve Pemberton
Roteirista
Michael Gracey, Simon Gleeson e Oliver Cole
Estúdio
Diamond Films
Duração
135 minutos
Data de lançamento
13 de março de 2025
Nos últimos anos as cinebiografias têm garantido um lugar importante na indústria cinematográfica, com lançamentos consecutivos, alguns até mesmo bem recebidos pela crítica. Ao mesmo tempo em que saber os detalhes mais íntimos da vida de grandes estrelas pode ser, por si só, algo realmente interessante e magnético, a procura pela reprodução, o mais idêntica possível, de momentos históricos e mundialmente conhecidos, faz com que esses filmes biográficos percam boa parte de seu fator criativo. Muitas vezes o figurino, os cenários e, principalmente, a aparência do protagonista são espelhados até seus mínimos detalhes, podendo ser confundidos com a cena real, mas a essência não deveria ser mais relevante do que uma mera reprodução? “Better Man”, o novo filme sobre uma das maiores estrelas atuais do Reino Unido, sabe aproveitar todas as principais lacunas deixadas pelas cinebiografias mais recentes para contar sua história de uma maneira única, surpreendente e grandiosa – com a presença artística que define a carreira de Robbie Williams.
É inevitável não começar pelo óbvio: em “Better Man”, Robbie Williams é retratado como um macaco, desde sua infância, em que o chamado dos palcos foi despertado por seu pai. Aqui, Robbie é um macaco e é o único, sua aparência nunca é comentada ou questionada e a escolha, de acordo com o próprio Robbie Williams e o diretor, Michael Gracey, se deve ao fato de que Robbie sempre se sentiu diferente e deslocado em relação às pessoas ao seu redor. Além de fazer sentido para a narrativa, essa escolha funciona perfeitamente para a construção do filme; deixa de lado qualquer necessidade de comparação entre personagem e vida real e acrescenta à ficção um ar de fantasia que abre portas para uma forma muito mais lúdica de contar o que poderia ser uma história relativamente comum. Outro ponto a seu favor, é o fato de que Robbie Williams, aqui no Brasil principalmente, não é um nome ou um rosto tão conhecido quanto suas músicas – certamente muitos se surpreenderão ao assistir ao filme e descobrir grandes clássicos que pertencem ao cantor, então sua trajetória ainda vem com o sentimento de novidade.
A história de Robbie Williams não é, necessariamente, algo novo. São incontáveis as super estrelas que começaram cedo e, ao alcançar seu ápice profissional, acabaram se perdendo para o vício, mas o filme faz questão de nos provar, desde sempre, que Robbie Williams não é apenas mais um no mundo do showbusiness. Com uma narração atrevida, bem-humorada e autocrítica, é fácil se conectar e torcer pelos sonhos de Robbie, conexão essa que apenas se intensifica conforme acompanhamos seu amadurecimento, às duras penas, e sua busca de autoconhecimento e aceitação. Quatro relações de Robbie ditam a sua vida, tanto profissional quanto pessoal: com sua avó, seu pai, os palcos e o vício. Todas são intrinsecamente conectadas e mostram o lado humano do astro, mas o começo de tudo é seu pai Peter (Steve Pemberton), um homem que rejeita o ordinário, venera os “deuses”, que é como ele chamava os grandes nomes da música como Frank Sinatra, e aspira pelos holofotes. Sua influência sobre a vida de Robbie é irrefutável e permanente, ainda mais depois que Peter abandona a família para tentar viver de sua arte. A raíz de todos os problemas de Robbie é essa rejeição, mas desde sempre é evidente que também vem de seu pai o seu talento, seu amor pela música e sua presença de palco – tudo que faz dele o que ele é.
Entre os altos e baixos do seu caminho, amores perdidos, relações quebradas, drogas e depressão, o grande trunfo de “Better Man” é como Robbie Williams e Michael Gracey conseguem fazer, no filme, o que Robbie faz de melhor: transformar tudo em um grande show. Com as músicas incríveis do cantor, sequências que mesclam sonho com realidade, uma história de superação não tão convencional, autêntica e extremamente sensível, “Better Man” é um grande filme em todos os sentidos.
Por Júlia Rezende