
Branca de Neve
Diretor
Marc Webb
Gênero
Musical
Elenco
Rachel Zegler, Gal Gadot, Emilia Faucher
Roteirista
Erin Cressida Wilson
Estúdio
Walt Disney
Duração
109 minutos
Data de lançamento
20 de março de 2025
Com a crescente de live-actions, remakes e afins dos filmes da Disney, é de se espantar que só agora eles tenham tocado no que talvez seja seu maior clássico de todos os tempos. As histórias tradicionais das princesas da Disney não são fáceis de se traduzir para os tempos presentes, certamente não existe a “necessidade”, mas considerando que todas esses releituras têm rendidos boas centenas de milhares de dólares independente de sua qualidade duvidosa, é uma decisão que, comercialmente, faz sentido. A aposta na nostalgia (e orçamentos exorbitantes) como fator suficiente para revisitar esses clássicos com mudanças mínimas faz com que seja difícil julgar esse tipo de filme. Nada é realmente emocionante, bonito ou tem a “mágica” da Disney. Na maioria das vezes, eles parecem nem ao menos tentar ser bons, e sim apenas cumprir uma tabela de lançamentos.
As expectativas para o novo Branca de Neve estavam especialmente agitadas por conta das diversas polêmicas que cercaram a produção, entre elas a decisão de fazer os anões com CGI e a aparente animosidade entre as protagonistas (que chegaram a fazer a promoção do filme separadamente). A boa notícia é que o filme não é tão ruim quanto se imaginava – a má notícia, é que ele também não é bom. Assim como todos os outros live-actions, não há melhoria em relação ao conteúdo original e sua existência não se justifica por si só. Ao tirar Branca de Neve das animações e colocá-la no mundo real, a tentativa de manter a ideia de uma fantasia se reflete num visual pouco autêntico, plastificado e carregado de CGI; os anões, apesar de carismáticos e divertidos, seguem nessa mesma linha e sua aparência é desconfortável na tela (e justificada por eles serem seres mágicos, e não humanos). Para o live-action, o príncipe também passou por mudanças, ele agora não é mais um príncipe e sim Jonathan (Andrew Burnap), um rebelde que, junto com sua “gangue” luta pelo Rei, para livrar o reino das garras da Rainha Má. Essa é uma atualização bem-vinda, mas pouco influencia na história em si, além de trazer uma leve briza de politização ao filme.
Aqueles que carregam uma memória afetiva da animação de 1937 têm maiores chances de aproveitar o live-action. Pessoalmente, acho a história de A Branca de Neve e os Sete Anões um tanto fraca e o novo filme não me fez mudar de ideia. Rachel Zegler é uma boa novidade, provando mais uma vez o seu talento não só para atuação, mas também para o canto, com uma voz impressionante que sela o seu destino para o estrelato. Ela, com uma ajudinha dos anões, é a alma do filme e usa bem os recursos que lhe são dados. Já sua antagonista e vilã, a Rainha Má vivida por Gal Gadot, tem bem menos brilho e entrega uma performance confusa, que parece não decidir se se entregará ao exagero, numa atuação mais camp, ou se está apenas desequilibrada, por mais que suas músicas sejam interessantes, suas cenas falham ao tentar passar emoção.
Algumas mudanças pontuais foram feitas em relação ao original, alguns novos personagens são apresentados, mas nada tão relevante que acrescente algo no saldo final (e eles tiveram a opção de fazer algo realmente diferente com a questão dos rebeldes, mas preferiram não se aprofundar no assunto). A Disney, que sempre foi sinônimo de qualidade, agora parece se contentar em entregar apenas o básico. “Branca de Neve” é um filme ok, com uma história ok, músicas boas e atuações de todos os tipos. Assim como os demais, deve agradar as crianças e aqueles que amam Disney acima de qualquer coisa, mas pouco faz para deixar sua marca na história do cinema ou do estúdio.
Por Júlia Rezende