6.4/10

Calígula – O Corte Final

Diretor

Tinto Brass

Gênero

Drama

Elenco

Malcolm McDowell, Helen Mirren, Teresa Ann Savoy

Roteirista

Gore Vidal

Estúdio

A2 Filmes

Duração

178 minutos

Data de lançamento

05 de dezembro de 2024

Acompanha Calígula enquanto ele mata seu desonesto avô adotivo e assume o controle do decadente Império Romano, mergulhando em depravação, devastação e loucura.

Calígula é, sem dúvida, uma das produções mais controversas da história do cinema, marcada por disputas criativas, caos nos bastidores e reinterpretações incessantes de sua narrativa original. O lançamento do Ultimate Cut em 2023 no Festival de Cannes, após três anos de trabalho do historiador Thomas Negovan, resgata essa obra de maneira surpreendente, oferecendo uma versão que equilibra as intenções originais de Gore Vidal, Tinto Brass e Bob Guccione, enquanto confronta questões sobre controle criativo no cinema.

O filme nasceu de um projeto ambicioso financiado por Bob Guccione, fundador da Penthouse, que buscava revolucionar o cinema com um épico luxuoso e provocador. Inicialmente roteirizado por Gore Vidal como uma tragédia sobre a corrupção pelo poder, Calígula logo se tornou palco de conflitos criativos. O diretor Tinto Brass tinha uma visão distinta, enfatizando o desequilíbrio de Calígula antes mesmo de assumir o poder. Esses embates culminaram na intervenção de Guccione, que transformou o filme em algo mais explícito e controverso, resultando em um produto final que foi alvo de críticas devastadoras.

O Ultimate Cut se destaca ao tentar restaurar o espírito original do filme. A nova versão, produzida e restaurada por Thomas Negovan, entrega um trabalho meticuloso ao excluir os excessos eróticos introduzidos por Guccione e oferecer uma narrativa mais coerente. Essa versão explora, com maior profundidade, a trajetória de Calígula (vivido de forma magistral por Malcolm McDowell), destacando sua corrupção moral e a espiral de tirania e loucura em que mergulha. Pela primeira vez, o filme ganha uma história sólida em meio ao caos, permitindo um estudo de personagem que engrandece não apenas McDowell, mas também Helen Mirren, cuja personagem ganha mais peso nessa edição.

Os cenários luxuosos e opulentos da Roma imperial continuam sendo um dos maiores triunfos do filme. Não apenas impressionam visualmente, mas também servem como metáforas para a ascensão e decadência de Calígula. No Ultimate Cut, há uma atenção cuidadosa à forma como os espaços evoluem, incorporando objetos e símbolos que refletem a progressiva desordem da mente do imperador.

Embora a nova versão ofereça uma experiência mais refinada, ele não evita por completo o desconforto, pois ainda existem diversas cenas fortes e explícitas. No entanto, a montagem privilegia o roteiro e sua história, em vez de apenas querer chocar sem nenhuma razão.

Calígula – O Corte Final traz im grande estudo sobre a importância da montagem e o papel da restauração na história do cinema. Negovan assume o papel de curador, redefinindo o que seria o “autêntico” Calígula, ao mesmo tempo em que negocia os significados entre as intenções de Vidal, Brass e Guccione. O resultado é uma obra que, embora ainda polêmica, finalmente se aproxima de sua ambição inicial de ser um épico sobre poder, loucura e decadência.

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