
Capitão América: Admirável Mundo Novo
Diretor
Julius Onah
Gênero
Ação
Elenco
Anthony Mackie, Harrison Ford, Dany Ramirez
Roteirista
Rob Edwards, Malcolm Spellman e Dalan Musson
Estúdio
Walt Disney
Duração
118 minutos
Data de lançamento
13 de fevereiro de 2025
Enquanto num passado não tão distante os lançamentos da Marvel eram recebidos com excitação e expectativas altíssimas, hoje em dia a maior questão é se eles serão ainda menos animadores que o anterior. Já é redundante dizer que a produção em massa de filmes e séries da Marvel deixou de fazer sentido há alguns anos e, infelizmente, Capitão América: Admirável Mundo Novo não é uma exceção dessa nova regra. É uma pena que Anthony Mackie tenha ganhado destaque nesse período decadente do estúdio, já que seu Capitão América é espirituoso e poderia ter se dado melhor em outros momentos do UCM, mas agora, nem mesmo seu carisma, combinado com o talento de Harrison Ford, são capazes de salvar um filme que é simplesmente sem graça. O que era pra ser uma espécie de recomeço, com a estreia de Sam Wilson como novo Capitão América nos cinemas (na TV isso já tinha acontecido em Falcão e o Soldado Invernal, série da Disney+), cai nos mesmos deslizes das últimas produções da Marvel: tramas excessivamente complicadas, mas que na verdade não têm nada a dizer, personagens pouco desenvolvidos e resoluções anticlimáticas, sempre prometendo uma grande batalha para “o próximo”.
Desde o começo, mais uma fragilidade da Marvel marca presença, o excesso de história por trás desses personagens. Como sempre, para você entender todas as referências e de onde surgem todos os personagens, você deve se lembrar de muitos detalhes das outras mais de 30 produções do UCM. Sam Wilson é o novo Capitão América, o novato Joaquin Torres (Danny Ramirez) é seu aprendiz e está encaminhando para se tomar o lugar de novo Falcão, Isaiah Bradley (Carl Lumbly), conhecido como o “Capitão esquecido”, é próximo de Sam e parte importante da primeira parte da trama e Harrison Ford é o novo Thaddeus Ross (personagem do saudoso William Hurt), que também é o mais novo Presidente dos Estados Unidos e está tentando assinar um acordo com outros países a respeito do uso do metal adamantium. Até aqui, você precisa estar em dia com a série “Falcão e o Soldado Invernal”, o filme “Eternos” e “O Incrível Hulk”.
Um dos pontos que chamam atenção em “Capitão América: Admirável Mundo Novo” é como eles colocam um presidente, um homem negro que sofreu a vida inteira na mão do governo (estou falando de Isaiah Bradley, que foi uma espécie de experimento para o exército estadounidense) e um super-heróis que consegue navegar entre os dois completamente isento de qualquer opinião minimamente política. Não é de hoje que a Marvel se evita esse tipo de discussão, mas esse afastamento fica mais evidente quando o (um dos) vilão é presidente e o próprio Isaiah questiona por que Sam está se submetendo a um governo que sempre o desamparou – a resposta é tão neutra quanto o restante do filme: Sam defende que todos têm que se unir para inspirar esperança na população, afinal de contas todos têm o bem dentro de si, até mesmo Ross. Para Sam Wilson, o cargo de presidente tem uma solenidade quase religiosa, como algo sagrado e ele está disposto a passar por cima de tudo para defendê-lo. Muita coisa interessante poderia sair de todos esses impasses, mas no final temos apenas um filme chapa-branca.
Voltando para a parte mais “Marvel” do enredo, algumas cenas de ação conseguem convencer, com destaque para uma sequência de luta que se passa no ar e traz o Capitão e o Falcão em seus melhores momentos. O embate final, tão aguardado, tem uma energia promissora e uma coreografia impactante, mas demora tanto para acontecer – e acaba tão rápido – que te deixa perguntando se é mesmo só aquilo que vai acontecer. Um novo vilão também aparece para levar a trama adiante, o Líder (Tim Blake Nelson), inimigo direto de Ross, mas que decepciona com seus objetivos e falta de personalidade como um todo. Além da ação, os personagens também trazem um ou outro momento divertido para o filme. Como mencionado, o Sam Wilson é carismático e engraçado sem precisar se esforçar muito, o que traz uma leveza que o Capitão América nunca teve antes, é também mais humano, em todos os sentidos, uma vez que Sam se recusou a tomar a substância que transformou Steve Rogers em um super soldado. Joaquin, o novo Falcão, é o alívio cômico, mesmo tendo cenas que demandam mais emoção; ele é uma adição interessante (e ao que tudo indica, não vai embora tão cedo) e poderá ser um personagem muito fácil de gostar, desde que não seja reduzido a ser apenas “o engraçado”.
Quanto à questão inicial, é difícil dizer se o novo filme da Marvel é melhor ou pior que o último, é apenas tão descartável quanto, apesar de alguns bons momentos isolados.
Por Júlia Rezende