8.0/10

Divertida Mente 2

Diretor

Kelsey Mann

Gênero

Animação

Elenco

Roteirista

Meg LeFauve, Dave Holstein e Kelsey Mann

Estúdio

Walt Disney

Duração

96 minutos

Data de lançamento

20 de junho de 2024

Com um salto temporal, Riley se encontra mais velha, passando pela tão temida adolescência. Junto com o amadurecimento, a sala de controle também está passando por uma adaptação para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas emoções.

Divertida Mente (2015) foi um dos últimos filmes Disney/Pixar a causar um verdadeiro furor e se tornar um fenômeno. Com dinamismo e metáforas, o filme nos levou para dentro da mente de uma criança, a Riley, enquanto ela enfrenta o primeiro obstáculo de sua jovem vida. Em vez de vermos apenas o ponto de vista de Riley, vemos suas tramas se desenvolverem através do ponto de vista de suas emoções. Foi uma perspectiva inovadora e um grande acerto por parte da Pixar, tanto que uma sequência já tem sido esperada desde o primeiro, que deixou uma deixa muito promissora: a iminência da puberdade.

A sequência, que chega quase 10 anos depois do original, retoma a história algum tempo de onde a deixou. Riley agora tem 13 anos e parece não ter queixas sobre sua infância. A relação com os pais segue ótima, ela encontrou novas melhores e inseparáveis amigas, faz parte do time de hockey e a Alegria ainda reina, em perfeita harmonia com as outras familiares emoções. Com suas memórias bases já formadas (o foco do primeiro filme), as emoções são responsáveis por proteger uma nova parte da personalidade de Riley, seu senso de si própria, formado por suas convicções.

Tudo parecia estar sob controle, até que o botão da puberdade acende e o centro de controle da Riley passa por uma reconstrução e, para o desespero da Raiva, Nojinho, Medo, Tristeza e Alegria, novas emoções anunciam sua chegada, a Ansiedade, o Tédio, a Inveja e o Vergonha. Sua entrada caótica já indica que o está por vir não será fácil. A Ansiedade (com uma dublagem incrível de Tatá Werneck) tem nessa sequência o papel que a Tristeza teve no primeiro filme. Ela aparece como um furacão, agindo sem qualquer parcimônia e “contagiando” tudo que aparece em sua frente, enquanto a Alegria tenta colocar algum tipo de ordem. 

A principal fonte da Ansiedade de Riley são as novas mudanças em sua vida, a puberdade vem acompanhada de seu futuro ingresso no Ensino Médio e de suas amigas mantendo um segredo sem que Riley soubesse. Seu protagonismo no time de hockey, que até então nunca fora questionado, fica em risco já que o novo time é composto de meninas mais velhas, e aparentemente muito bem resolvidas. A Ansiedade, que rouba a cena não só do filme, mas também acaba tomando conta da mente de Riley, faz com que a Alegria e a Tristeza embarquem em uma aventura dentro da cabeça de Riley, nos levando a conhecer novas, e mais profundas, estruturas da psique da pré-adolescente.

As metáforas, já presentes em Divertida Mente, agora se intensificam e se multiplicam, algumas mais “inteligentes” que as outras, mas sempre interessantes. Apesar das diferenças, o enredo do segundo filme é praticamente uma repetição do primeiro, o que significa que o filme provavelmente agradará aqueles que amaram o original e querem repetir a experiência, mas também pode decepcionar quem esperava por algo maior e mais complexo. Por mais que a trama seja um tanto quanto infantilizada, l senso de humor e o tema central são capazes de garantir um bom divertimento para todas as idades.

Ainda comparando com o primeiro, talvez seja possível dizer que o segundo é mais “técnico” e menos emocional, uma vez que o foco parece estar nas analogias e não no sentimentalismo. É um filme divertido, mas a Disney/Pixar já provou diversas vezes ter capacidade de criar algo mais profundo. A adição da Ansiedade (e continuo falando dela porque é a única nova emoção realmente relevante para a trama) demonstra uma preocupação em tratar de assuntos de saúde mental e a representação da ansiedade como emoção é muito bem feito e relacionável, mas focando apenas nesse aspecto da puberdade, outras oportunidades são perdidas. A decisão de não falar sobre as mudanças corporais, por exemplo, ou outros aspectos sociais, como o interesse amoroso/físico, ou até mesmo de não retratar Riley conversando ou pedindo ajuda a algum adulto sobre suas questões, impedem que o filme seja uma representação mais fiel do que é passar pela puberdade, nesse quesito, o filme Red: Crescer É Uma Fera, também da Disney, faz um trabalho muito mais louvável.

 

Por Júlia Rezende

8

Missão cumprida

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