6.8/10

Dogman

Diretor

Luc Besson

Gênero

Drama

Elenco

Caleb Landry Jones, Jojo T. Gibbs, Christopher Denham

Roteirista

Luc Besson

Estúdio

Diamond Filmes

Duração

113 minutos

Data de lançamento

04 de janeiro de 2024

Um menino maltratado pela vida encontra sua salvação por meio do amor de seus cães.

A ideia de que cachorros são mais confiáveis que os homens geralmente é usada para filmes de drama com família e um cachorro fofo que muda a forma como seus donos veem o mundo. Em Dogman, os cachorros são, sem nenhuma dúvida, os melhores amigos do homem, ou pelo menos de um homem em particular, mas sua função é completamente diferente. O homem em questão era apenas uma criança quando desenvolveu uma profunda (quase telepática) relação com os cães. Doug (Caleb Landry Jones) teve uma infância diretamente do inferno, criado pelo pai e irmão mais velho, ele era espancado e maltratado sem escrúpulos ou justificativas, o pai tinha um negócio de rinha de cães e uma das vezes em que pegou Doug cuidando de seus cachorros, colocou o menino para viver com eles no canil. Essa situação gerou não só traumas psicológicos, mas também físicos (um “acidente” com uma arma) e Doug se torna dependente de uma cadeira de rodas na maior parte do tempo.

A história da vida de Doug é contada por ele mesmo, enquanto conversa com uma psicóloga numa delegacia depois de ser detido por ter cometido um crime. Ele fala sobre como sua vida foi difícil, mesmo depois de se livrar de seu pai. Foi uma jornada no mínimo curiosa, com (poucos) altos e muitos, muitos baixos, envolvendo crimes desde roubos a homicídios e uma carreira como drag queen personificando Edith Piaf, mas algo se manteve constante em cada passo de sua vida: os cachorros. Inclusive, Dogman traz as performances caninas mais impressionantes do cinema, são animais extremamente bem treinados, o que era necessário para concretizar a história, uma vez que são eles os responsáveis por quase toda a ação do filme. Seria mais impressionante se a interação entre Doug e os cachorros não fosse tão forçada, os cachorros parecem ter superpoderes, ou ao menos uma linha direta com a mente de Doug que permite com que eles sigam instruções complexas à risca.

Entre cenas extremamente melodramáticas, um romance desconfortável e sequências de ação, é difícil dizer a que veio Dogman, ainda que prenda sua atenção. Tudo em Dogman parece fora de lugar e, por mais que essa seja a essência de Doug, não funciona tão bem com os outros elementos da narrativa. Uma cena específica envolvendo ladrões, armadilhas e cachorros entretém, mas também parece ter saído direto de um dos “Esqueceram de Mim” e destoa do restante do filme que traz um clima muito mais carregado, mas essa é apenas mais uma das contradições que fazem Dogman se perder no que poderia ser um filme mais coeso. É inegável que a premissa é original, mas Luc Besson se rende a muitas obviedades no meio do caminho, desde citações batidas até o próprio nome do protagonista, Doug é extremamente semelhante a “dog”, cachorro em inglês.

O desejo de vingança de Doug, que poderia ser melhor direcionado, acaba ficando perdido em um personagem que é muitas coisas, mas não convence em nenhuma delas. É difícil até mesmo categorizar esse como um “filme bom” ou um “filme ruim” e talvez ele realmente não se encaixe em nenhum deles. São alguns pontos a favor (a atuação de Caleb Landry Jones, a atuação dos cachorros), alguns pontos negativos (a escolha de deficiência de Doug) e diversos pontos que podem ser qualquer um dos dois, como a trilha sonora, que conta com músicas ótimas, mas também óbvias demais em suas colocações ou a cena final, que é empolgante, mas abre mais uma possibilidade que nunca é, de fato, trabalhada.

 

Por Júlia Rezende

6.5

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