Drácula: A Última Viagem do Demeter
Diretor
André Øvredal
Gênero
Terror
Elenco
Corey Hawkins, Aisling Franciosi, Liam Cunningham
Roteirista
Bragi F. Schut e Zak Olkewicz
Estúdio
Universal Pictures
Duração
118 minutos
Data de lançamento
24 de agosto de 2023
A história do Drácula é parte do imaginário coletivo quer você tenha assistido ou lido os clássicos ou não. O conde é uma das figuras mais emblemáticas do terror e já apareceu em diversas roupagens diferentes, a última nos cinemas tendo sido interpretada por Nicolas Cage no esquecível terrir Renfield. Em nenhuma de suas versões, no entanto, foi abordado o curto período em que se passa Drácula: A Última Viagem do Demeter. Como o começo do filme explica, Demeter foi a embarcação que levou Drácula da Romênia para Londres; no livro, essa viagem é apenas um capítulo de, no máximo, 20 páginas, mas aqui foi destrinchado para se tornar uma história completa.
O início dessa jornada se dá com o capitão do Demeter, Eliot (Liam Cunningham), montando sua tripulação para fazer o transporte de uma carga misteriosa. Ele tem pressa, pois há uma recompensa caso a entrega seja feita antes do prazo, mas vê os tripulantes escolhidos desistindo ao verem um símbolo de dragão na encomenda que, segundo suas crenças, significava mal agouro. De qualquer forma, consegue montar uma pequena equipe para acompanhá-lo junto com seu fiel escudeiro Wojchek (David Dastmalchian) e seu neto Toby (Woody Norman). Faz parte também da embarcação, o médico Clemens (Corey Hawkins), que apesar de não ter experiência com trabalho braçal, está disposto a trabalhar pela “carona” para Inglaterra, mas só é aceito pelo capitão Eliot depois de salvar a vida de Toby.
Uma vez em alto-mar, situações cada vez mais suspeitas começam a acontecer com a tripulação, animais aparecem mortos pela manhã, ratos desaparecem, os homens passam a ser acometidos por visões de uma criatura grotesca, até que encontram no navio uma mulher aparentemente moribunda que possui marcas de dentes no pescoço e eles começam a desvendar o que, para o espectador, nunca foi um mistério: o Drácula está a bordo. O fato de não haver mistério para quem está assistindo poderia ser um obstáculo para um diretor menos experiente, mas André Øvredal, que já tem experiência com o gênero, sabe trabalhar o suspense de forma a manter o nível de tensão elevado mesmo quando já sabemos, basicamente desde o início, o destino dos personagens.
A partir do momento em que a tripulação percebe que está lidando com uma criatura sobrenatural e entende, por cima, as regras do jogo, como a mordida contagiosa e a queimadura pelo sol, temos um desenvolvimento de história pautado na dinâmica de gato e rato (apesar de até agora não entender porque eles simplesmente não tentavam acabar com o Drácula durante o dia). Novamente, as técnicas e conhecimentos de André Øvredal salvam o que, caso contrário, teria sido uma sequência de acontecimentos repetitivos – não que ele tenha conseguido fugir disso completamente, mas pelo menos conseguiu contornar o suficiente para não deixar que a narrativa ficasse simplesmente cansativa.
O filme também tem a seu favor o comprometimento com a estética puxada para o gótico e o sombrio, até mesmo nas cenas que se passam durante o dia. O exemplo mais óbvio disso é o próprio visual do Drácula, diferente de praticamente tudo que já vimos, essa versão do vampiro é mais animal do que homem, uma verdadeira besta, com traços de morcego e pouco de humanidade, uma releitura digna do clima adotado pelo filme. As mortes também se aproximam mais do gore, com situações mais gráficas e que conseguem surpreender ao escolher suas vítimas e não poupar ninguém – ou quase ninguém.
Embora esteja longe de ser o melhor filme do Drácula e trazer pouca novidade no que diz respeito ao desenvolvimento narrativo, Demeter: A Última Viagem do Demeter se torna uma opção principalmente para quem curte um terror mais clássico, baseado no suspense e longe da comédia.
Por Júlia Rezende