8,1/10

Furiosa: Uma Saga Mad Max

Diretor

George Miller

Gênero

Ação

Elenco

Anya Taylor-Joy, Chris Hemsworth, Tom Burke

Roteirista

George Miller e Nick Lathouris

Estúdio

Warner Pictures

Duração

148 minutos

Data de lançamento

23 de maio de 2024

Após ser sequestrada do Vale Verde de Muitas Mães, enquanto os tiranos Dementus e Immortan Joe lutam por poder e controle, a jovem Furiosa terá que sobreviver a muitos desafios para encontrar e trilhar o caminho de volta para casa.

“Prequelas”, as histórias que vêm antes da obra nativa, geralmente para nos contar a origem de um personagem ou de um acontecimento, são coisas potencialmente perigosas. A expectativa é sempre alta e o objeto em questão é sempre algo já amado pelos fãs, ou seja, qualquer passo em falso pode causar grande desapontamento. Existem, é claro, alguns fatores que podem contribuir para que uma prequela seja bem sucedida, fidelidade à obra original e estar no comando de um nome já familiar são, talvez, os mais importantes deles. Furiosa possui os dois – muito mais. 

George Miller trouxe às telas o universo caótico, frenético e extremamente original de Mad Max no começo dos anos 80, e garantiu uma produção marcante desde seu início. Marcante e inesquecível, tanto que mais de 30 anos depois, Mad Max: Estrada da Fúria nos levou de volta a esse universo com facilidade e imersão, conquistando uma nova geração de fãs e aumentando ainda mais a fidelidade dos antigos. É impressionante a capacidade de Miller de criar um universo inédito e crível sem precisar se aprofundar em roteiros ou diálogos exageradamente explicativos, o que você tem que saber sobre a história durante cenas de ação, perseguição em carros insanos e na dinâmica entre os personagens, foi assim com todos os filmes da saga Mad Max e é assim, também, com Furiosa, ainda que esse último se estenda um pouco mais na construção da narrativa; e um pouco a mais, já que a primeira hora do filme (que tem 2h30 de duração) acabou ficando um tanto cansativa em alguns momentos. 

Furiosa, personagem vivida por Charlize Theron em Mad Max: Estrada da Fúria, em um único filme conseguiu despertar um interesse do público por seu mistério, determinação e personalidade forte, o suficiente para que o próximo filme fosse focado em sua origem, desde sua infância até momentos antes de se tornar a Furiosa que já conhecíamos. Sua trajetória, que começa na terra em que vivia em “abundância” de recursos, com sua mãe e outras mulheres, até que uma brincadeira infantil leva à sua captura por Dementus (Chris Hemsworth), um “senhor da guerra” inescrupuloso, com uma tendência dramática e um senso de humor pouco sutil, mas estranhamente divertido. Esse é, no entanto, apenas o começo dos infortúnios da vida de Furiosa, que depois é usada como objeto de barganha entre os rivais Dementus e Immortan Joe (Lachy Hulme), e passa a viver sob o domínio do grande vilão. Engenhosa desde criança, Furiosa consegue sobreviver se disfarçando, enquanto nutre em si o desejo de vingança e a vontade de reencontrar a terra que foi forçada a deixar para trás. 

É só depois de Furiosa cresce e Anya Taylor-Joy entra em cena que Furiosa: Uma Saga Mad Max entra, completamente, em território de Mad Max e ação, enfim, toma conta e assume as rédeas da narrativa. Além da vingança de Furiosa, os atritos entre Dementus e Immortan Joe são os maiores instigadores do caos e do cenário de guerra que permeia a história. Essas cenas, inclusive, estão maiores, mais complexas e mais intensas e George Miller prova, mais uma vez que, com quase 80 anos de idade, segue sendo um visionário da indústria cinematográfica e demonstra domínio de sua arte em qualquer escala. Cenas de ação que realmente desenvolvem o enredo, em vez de apenas fazer barulho e encher os olhos, são sua especialidade e Furiosa: Uma Saga Mad Max deixa isso bem claro. São explosões, perseguições de carro, acidentes de carro, lutas, e a boa e velha fotografia do deserto que mantém viva e pulsante a essência da saga e a assinatura de George Miller.

Cai também uma enorme responsabilidade sobre os atores que têm a função de transmitir cargas pesadas de emoção em poucas palavras (e poucos close-ups). Os destaques são, sem dúvidas, Anya Taylor-Joy, que sustenta a imagem criada por Charlize Theron, mas dá o seu toque pessoal para a personagem, conseguindo demonstrar sua força a todo tempo e, mais raramente (como pede a personagem), uma certa vulnerabilidade, e também Chris Hemsworth, que surpreende como Dementus, mostrando uma face do ator que não tínhamos visto em seus personagens anteriores (assim como o nariz protético). A dinâmica entre os dois é crucial para a trama e a química distorcida entre os dois cai como uma luva. 

Furiosa pode não ser o melhor filme da saga (esse título continua com Estrada da Fúria), mas continua seu legado com muita elegância e consistência e consegue com facilidade algo que os filmes de hoje em dia se esforçam tanto e poucos conseguem alcançar: deixar o gostinho de quero mais e uma vontade genuína de não ver, tão cedo, o fim desse universo.

 

Por Júlia Rezende

9

Missão cumprida

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