Godzilla e Kong: O Novo Império
Diretor
Adam Wingard
Gênero
Ação
Elenco
Rebecca Hall, Brian Tyree Henry, Dan Stevens
Roteirista
Terry Rossio, Simon Barrett e Jeremy Slater
Estúdio
Warner Pictures
Duração
115 minutos
Data de lançamento
28 de março de 2024
O Universo Cinematográfico da Marvel, que já passou pelos seus anos dourados, se exauriu por conta de sua própria ganância de se tornar mais do que poderia ser e começou a criar conteúdos em massa, se aprofundando em sua mitologia. O Monsterverse pode ainda estar longe de ter a quantidade de produções que o UCM tem (talvez agora esteja se aproximando mais da saga Velozes e Furiosos), mas já começa a demonstrar aspectos que indicam uma vontade de expandir o universo do Kong e dos monstros e introduzir cada vez mais personagens. Um dos resultados disso é a limitação do público a um nicho específico; enquanto filmes como o japonês Godzilla Minus One conseguem furar a bolha do “filme de monstro” e contar uma história interessante para todos os públicos, Godzilla e Kong colocam, ainda mais, o monsterverse nessa caixinha.
Godzilla vs. Kong foi a primeira vez que Kong e Godzilla se encontraram no monsterverse, e também a primeira vez que lutaram um contra o outro. Esse encontro deles trouxe à tona outros monstros pertencentes do universo de Godzilla, estabeleceu os lugares de Kong e Godzilla na “cadeia alimentar” e expandiu o conhecimento que tínhamos sobre a Terra Oca, que também virou o novo lar de Kong, enquanto Godzilla está no nosso mundo, por vezes nos defendendo de monstros que aparecem, ou só tirando um cochilo no Coliseu. Apesar da “paz” na Terra Oca, Kong está se sentindo sozinho e desestimulado, chamando a atenção de Ilene Andrews (Rebecca Hall), que segue trabalhando para a Monarch e monitorando as atividades dos monstros, mas não tem tanto controle assim de sua filha Jia (Kaylee Hottle), que tem dificuldades em encontrar seu lugar no mundo e anda tendo umas visões estranhas.
Godzilla e Kong: O Novo Império traz muitos conceitos, de fato, novos, mas “novo” não é sinônimo de bom. A expansão desse universo acontece de várias formas, a procura de Kong por seus iguais faz aparecer um novo e inexplorado mundo dentro da Terra Oca. A Jia traz em si um novo lado da mitologia dos monstros e novos povos e conectando com Godzilla. Por mais que a fantasia sempre tenha sido presente, afinal é a história de um lagarto radioativo e um macaco gigantes, a história majoritariamente se passava no “mundo real” e essa é grande parte do apelo. Para os fãs do gênero (e me incluo nessa), há algo satisfatório em observar esses monstros lutando e destruindo cidades no meio do caminho. Quando somos levados à Terra Oca, esse apelo nos é tirado. O primeiro ato do filme se passa quase por completo na Terra Oca e essa locação criada inteiramente em CGI, habitada por personagens também inexistente passa a impressão de que estamos assistindo mais a um videogame do que um filme, não é à toa que o primeiro é também o ato mais fraco.
Até mesmo as grandiosas lutas entre os monstros (novos e já conhecidos), quando são ambientadas nesses cenários 100% computadorizados, perdem sua força. É somente no terceiro ato que o filme mostra, realmente, a que veio e a boa notícia é que não decepciona quando finalmente entrega o que os fãs estão ali para ver, e para os brasileiros a notícia é melhor ainda: se você assistiu o trailer, já viu que o Rio de Janeiro faz uma aparição (muito importante, por sinal) e a pancadaria e destruição rolam soltas. Assim como os filmes anteriores, Godzilla e Kong está no seu melhor quando trazem os monstros para o nosso mundo, mesmo com toda fantasia. Esse é, definitivamente, o filme mais nichado, mas também o que mais explora os elementos que cativam esse nicho específico. Não é um filme com excelência de roteiro, tem um elenco que faz o necessário e pouco além disso, mas segue sendo especialista em colocar bichos gigantes pra brigar e dizer que ele não entregou exatamente o que prometeu seria uma grande mentira.
Por Júlia Rezende