6.3/10

Golda – A Mulher de Uma Nação

Diretor

Guy Nattiv

Gênero

Drama

Elenco

Helen Mirren, Liev Schreiber, Camille Cottin

Roteirista

Nicholas Martin

Estúdio

Diamond Filmes

Duração

100 minutos

Data de lançamento

31 de agosto de 2023

Segue as decisões dramáticas e de alto risco que Golda enfrentou durante a Guerra do Yom Kippur, que se seguiu ao Egito e à Síria e o ataque surpresa na Península do Sinai e nas Colinas de Golan em 1973.

Golda – A Mulher de Uma Nação sumariza a vida e personalidade de Golda Meir, a primeira – e única, até hoje – primeira-ministra de Israel, através de uma reprodução de seus dias durante a Guerra do Yom Kippur. Pelos dias que se passam, nós acompanhamos os acontecimentos que culminaram no conflito, a pressão sofrida por Meir, as difíceis decisões que ela teve de tomar, tudo isso enquanto lutava com o câncer que a debilitava cada vez mais.

A Guerra do Yom Kippur ocorreu entre o povo judeu e os árabes como uma consequência direta da Guerra dos Seis Dias e teve um peso especialmente elevado para os judeus por ter começado um dia antes do feriado do Yom Kippur, de extrema relevância para a religião e cultura judaica. Quando se trata de filmes baseados em eventos reais, sobretudo guerras e as grandes personalidades envolvidas, é comum, e até de certa forma esperado, que a emoção desempenhe um papel importante na construção da obra, mas certamente não foi esse o caminho escolhido por Guy Nattiv.

Os 19 dias em que a Guerra durou são os 20 dias que acompanhamos da vida de Meir, é uma boa janela, considerando que foi o momento mais desafiador de sua carreira política, mas ao mesmo tempo uma escolha arriscada já que Meir não lutou na guerra e sim traçou estratégias para vencê-la. Algumas imagens reais do conflito aparecem no decorrer do longa, mas a grande maioria das cenas traz um cenário menos impactante, com Golda conversando, debatendo e racionalizando com diferentes homens, sentados um de frente para o outro. Os diálogos não são fracos, suas interações com Liev Schreiber como o americano Henry Kissinger rendem bons momentos, mas esse artifício acaba se tornando repetitivo e, de certa forma, cansativo.

O espectador sabe que tem uma Guerra acontecendo, que o Estado de Israel, uma conquista quase que pessoal para Meir, está em perigo e sua existência está sendo contestada – de novo. É um período decisivo para todo um povo e pode decidir também o triunfo ou fracasso da carreira política de Meir. Há muito em risco, vidas estão sendo constantemente perdidas, é uma guerra. O problema é que não é essa a sensação que temos ao assistir, não há o senso de urgência, de tensão, apenas uma apatia depressiva que, sim, poderia combinar com um clima de guerra, mas acaba ofuscando tanto o conflito quanto a personalidade de Golda.

O filme melhora nas cenas em que vemos o lado mais pessoal, e consequentemente vulnerável e humano de Golda. A primeira-ministra enfrentava graves problemas de saúde, um câncer agressivo que ela tratava em segredo – no fundo do necrotério do hospital (que tem um detalhe especialmente interessante e sensível cada vez que o vemos) – para não demonstrar fraqueza, mas nem durante o tratamento ela deixava de lado o cigarro, um ponto interessante que pode dizer mais sobre sua personalidade do que mil palavras. A relação de Golda com sua assistente Lou Kaddar (Camille Cottin) e outros funcionários de cargos mais baixos é o que mais nos aproxima de Golda, sua gentileza e cuidado fazendo um interessante contraste com sua posição enquanto chefe de governo.

Mas os momentos de Golda como pessoa não compensam os momentos excessivos de Golda política, pelo simples motivo de que os últimos não trazem a emoção necessária para se tornarem instigantes, nem por Golda nem pela Guerra. Nos últimos momentos do filme, vemos uma gravação real de Golda conversando com uma figura da política egípcia, é uma gravação breve, mas em poucos segundos vemos uma Golda com vivacidade, senso de humor e uma língua afiada, o que me frustrou ainda mais: onde estava essa Golda nos outros 100 minutos? Eu adoraria ter assistido assistido a história dela.

 

Por Júlia Rezende

6.5

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