7.2/10

Grande Sertão

Diretor

Guel Arraes

Gênero

Ação , Drama

Elenco

Caio Blat, Luisa Arraes, Luis Miranda

Roteirista

Jorge Furtado, Guel Arraes

Estúdio

Paris Filmes

Duração

115 minutos

Data de lançamento

06 de junho de 2024

Em uma grande comunidade da periferia brasileira chamada "Grande Sertão", onde uma luta entre policiais e bandidos assume ares de guerra, Riobaldo entra para o crime por amor a Diadorim, mas nunca tem a coragem de revelar sua paixão.

Com direção de Guel Arraes (Auto da Compadecida), o filme “Grande Sertão” estreia nesta quinta-feira, 6. O longa é uma adaptação inovadora de uma das principais obras da literatura brasileira, escrita por Guimarães Rosa.

A trama nos apresenta uma comunidade chamada “Grande Sertão”, dominada por facções criminosas em um cenário onde a luta entre policiais e bandidos se transforma em uma guerra. Riobaldo, interpretado por Caio Blat, se junta a uma dessas facções, seguindo Diadorim (Luisa Arraes), cuja a sua amizade o causa um turbilhão de sentimentos e conflitos em sua mente. Em meio a esse ambiente hostil, Riobaldo enfrenta dilemas éticos, morais e existenciais enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua verdadeira natureza.

Um dos aspectos mais interessantes do filme é a sua abordagem não convencional da obra original. Uma dos grandes feitos de “Grande Sertão” é mostrar como o discurso do livro ainda é tão atual que se encaixam com a realidade brasileira de hoje.

O roteiro, assinado por Guel Arraes e Jorge Furtado, reinventa o cenário do sertão mineiro-baiano, transportando-o para uma favela em um futuro distópico que ecoa fortemente a realidade brasileira contemporânea. Futurista e urbano, com toques de cyberpunk nos figurinos e penteados dos personagens, é uma escolha inteligente que revitaliza a obra de Guimarães Rosa, tornando-a mais identificável para o público mais jovem.

A direção de Guel Arraes traz um ar teatral, onde tudo é exagerado e poético, mantendo o texto de Guimarães Rosa vivo tanto nas falas quanto nas ações dos personagens. Esse estilo, já conhecido e amado por muitos em “Auto da Compadecida” e “Lisbela e o Prisioneiro”, se faz presente e dá vida para a narrativa.

Caio Blat se destaca ao criar duas facetas distintas para Riobaldo, mergulhando fundo na psique do personagem. No entanto, é Eduardo Sterblitch quem rouba a cena. Conhecido por sua veia cômica, ele surpreende ao dar vida a Hermógenes, o grande vilão, com uma interpretação impecável que capta a essência diabólica de um homem que encontra prazer na violência. Sua caracterização é um ponto alto do filme, tornando seu personagem assustadoramente real.

Por outro lado, Luisa Arraes, no papel de Diadorim, enfrenta o desafio de um personagem complexo que aborda questões de identidade de gênero e sexualidade. Apesar de uma boa atuação, sua performance às vezes fica pitoresca.

Infelizmente, após um começo promissor, o filme perde força no segundo ato. A narrativa segue um rumo abrupto e pouco explicativo, desapontando ao não manter o ritmo e a coerência inicial. Essa mudança de rumo enfraquece o potencial do filme, deixando a sensação de uma oportunidade desperdiçada.

Concluindo, “Grande Sertão” é uma obra corajosa que ousa reinterpretar um clássico da literatura brasileira. Seus acertos e erros são evidentes, mas a coragem de Guel Arraes em oferecer uma nova visão pode provocar debates acalorados entre vanguardistas e aqueles abertos a novas interpretações. A adaptação não é perfeita, mas sua tentativa de conectar o passado literário com questões contemporâneas merece reconhecimento.

7

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