Guardiões da Galáxia Vol. 3
Diretor
James Gunn
Elenco
Chris Pratt, Dave Bautista, Zoe Saldana
Roteirista
James Gunn
Estúdio
Walt Disney Studios
Duração
149 minutos
Data de lançamento
04 de maio de 2023
Guardiões da Galáxia Vol. 3 fecha a trilogia dos heróis desajustados mais carismáticos da Marvel. É claro que “fechar” não é necessariamente uma coisa definitiva quando falamos de Marvel, mas pelo menos um final é inevitável por ora: o de James Gunn na Marvel. Depois de escrever e dirigir a trilogia, ele foi definitivamente para a DC, dessa vez para comandar o novo destino de seu universo compartilhado. Bom para ele que alçará novos e maiores voos, talvez não tão bom pra Marvel que, se antes não sentiria, depois de Guardiões da Galáxia Vol. 3 certamente sentirá sua falta. Fim definitivo ou não, James Gunn deu a esses heróis o encerramento que todo filme merecia.
Depois de quase 10 anos, 2 filmes próprios e diversas participações em outros do UCM, o volume 3 deixa de olhar para fora para focar em si mesmo e aprofundar os personagens que são o coração da franquia. Não que esses personagens fossem simplistas antes, pelo contrário, eles sempre estiveram entre os que carregavam mais personalidade – e carisma também, mas James Gunn os eleva a um outro nível no que diz respeito a suas jornadas, coletiva e individuais, para eventualmente levá-los a uma conclusão sensível e triste, mas justificada e leal a tudo que os trouxeram até aqui.
James Gunn já tinha anunciado que o terceiro volume focaria em um Guardião específico e logo no começo fica bem claro que esse Guardião é o Rocket. O grupo está vivendo em relativa paz quando é atacado por um homem dourado que tenta a todo custo sequestrar Rocket, ele é impedido, mas não sem antes deixar o guaxinim extremamente debilitado e com risco de morte. Começam as tentativas de salvamento, mas eles descobrem que os cuidados que eles têm disponíveis não serão o suficiente, porque Rocket tem dentro de seu corpo um dispositivo programado para matá-lo caso seu corpo seja aberto. É assim que ficamos sabendo que Rocket é produto de um experimento biofísico e o homem dourado, Warlock (Will Poulter), foi mandado por Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji), a mente por trás dos experimentos e grande vilão do filme, que precisa de Rocket para dar continuidade aos seus planos de criar um novo tipo de raça para uma sociedade perfeita.
É hora, então, dos Guardiões se juntarem para uma nova aventura e o grupo não estaria completo sem Gamora. Para quem não lembra, Gamora morreu pelas mãos de Thanos em Vingadores: Guerra Infinita, mas voltou como uma Gamora de outra dimensão que viaja no tempo e é essa versão, agora parte do grupo de saqueadores liderado por Stakar Ogord (Sylvester Stallone), que acaba se juntando a eles, o que significa que ela não tem qualquer memória dos últimos anos em que foi uma Guardiã e muito menos de seu relacionamento com Peter, que ainda está bem longe de superá-la. Apesar das diferenças, a dinâmica do grupo continua a funcionar como sempre, apoiando-se na comédia e nas conexões internas, principalmente a de Mantis e Drax, que costumam gerar as situações mais divertidas.
O fato de Rocket ser o escolhido como uma espécie de protagonista (apesar de não ser exatamente essa a situação), coloca sobre ele um holofote que rege a parte mais sentimental do filme, e sentimental de fato é. Não se assuste se você se pegar a beira de lágrimas ou ouvir as pessoas ao seu redor chorando no cinema desde a metade do filme até o seu final. É verdade que vez ou outra toda essa sensibilidade apela um pouco, afinal o passado de Rocket é muito mais triste do que poderíamos imaginar e um Rocket no passado significa um filhotinho de guaxinim, estranho seria se isso não emocionasse, mas isso não tira o mérito de James Gunn de ter levado a história até esse lugar e muito menos de todos os atores envolvidos, que foram muito além das cenas de ação. Inclusive, a preocupação de James Gunn com todos os personagens, sem exceção, é nítida e muito bem-vinda. Cada um tem seu momento de brilhar não só no grupo, mas individualmente também, e várias camadas antes pouco exploradas agora são expostas de forma inteligente e emocionante.
Em termos de trama, o novo vilão é interessante e levemente distinto dos anteriores, ele não quer exatamente acabar com o mundo ou apenas dominá-lo, seu objetivo é criar uma sociedade absolutamente perfeita, o problema é que ele está disposto a passar por cima de tudo e de todos para alcançar esse objetivo. Tudo bem que nada disso é exatamente inédito, mas essa trama funciona bem o suficiente para levar a história para frente, mas sempre enfatizando o que, aqui, é o mais importante: a despedida desse grupo de excluídos. Essa despedida acontece em vários momentos do filme, mas a definitiva é a melhor, para o bem ou para o mal. Ah, e com duas cenas pós-créditos, afinal de contas ainda é um filme da Marvel.
Por Júlia Rezende