Meu Casulo de Drywall
Diretor
Caroline Fioratti
Gênero
Drama
Elenco
Bella Piero, Maria Luísa Mendonça, Daniel Botelho
Roteirista
Caroline Fioratti
Estúdio
Gullane
Duração
114 minutos
Data de lançamento
12 de setembro de 2024
O drama brasileiro, “Meu Casulo de Drywall”, dirigido por Caroline Fioratti, estreia nesta quinta-feira e traz à tona temas relevantes, como a depressão e o suicídio, especialmente durante o Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio.
O filme conta a história de Virgínia (Bella Piero), que está comemorando seu aniversário de 17 anos no condomínio nobre em que mora. Tudo parece correr bem, menos para a jovem, já que há uma ferida que vai crescendo e abrindo à medida que as horas passam. No dia seguinte, uma notícia percorre as casas do local, surpreendendo todos os moradores.
A narrativa não linear é um dos destaques do longa. Alternando entre os acontecimentos da festa de aniversário de Virgínia e as consequências no dia seguinte, o filme constrói um mistério em torno da personagem que mantém o espectador intrigado. A montagem faz um bom trabalho em manter o suspense, mas o roteiro se desgasta com o tempo, se arrastando em clichês já explorados em outros filmes sobre o tema.
Apesar das falhas narrativas, o filme se sobressai pela sua estética visual. A fotografia é cuidadosamente construída para refletir o estado emocional de Virgínia, com paletas frias e uma iluminação sombria durante a festa, destacando o crescente isolamento e angústia da personagem. As cenas diurnas, por sua vez, adotam uma paleta mais lavada e melancólica, simbolizando o vazio emocional sentido por quem amava a menina.
O ambiente em que o filme se passa, um condomínio de luxo, assume um papel de personagem, e totalmente importante para a trama. A sensação de isolamento físico e emocional é reforçada pela constante vigilância de câmeras e a proteção excessiva, uma metáfora clara para o “casulo” em que Virgínia está presa, simbolizando essa falsa sensação de segurança oferecida por um ambiente que, na verdade, aprisiona seus moradores.
As atuações também merecem destaque, especialmente a performance de Maria Luisa Mendonça, que interpreta a mãe de Virgínia com uma intensidade comovente. Ela traz uma mãe amorosa, mas problemática. EO filme mostra um pouco de como ela sofre por viver em um relacionamento abusivo com o marido frio e calculista, interpretado pelo ator Caco Ciocler. Percebe-se isso na cena entre os dois personagens lidando com a morte da filha. Uma cena forte, muito dramática e muito bem executada pelos atores.
A atriz protagonista Bella Piero, também entrega um trabalho bom, sua personagem Virginia é filha de juiz, então é uma menina que teve tudo na vida. É uma jovem sonhadora, que pode fazer o que quiser, onde tudo é possível, mas a história mostra que nada disso pode preencher o seu vazio existencial.
O roteiro falha ao não explorar adequadamente os motivos da depressão de Virgínia, deixando esses aspectos superficiais. Embora algumas cenas sejam impactantes, faltam flashbacks ou explorações mais profundas dos pensamentos da protagonista, o que dificulta a criação de uma conexão emocional com o público. Isso diminui o impacto emocional que o longa poderia ter.
“Meu Casulo de Drywall” é, acima de tudo, uma filme que se destaca visualmente e que aborda um tema relevante. No entanto, suas falhas narrativas e a superficialidade no desenvolvimento dos personagens impedem que o filme atinja todo o seu potencial. Mesmo assim, contribui para o debate sobre a saúde mental, especialmente em tempos em que esse tema precisa ser mais discutido e compreendido.