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Meu Sangue Ferve Por Você

Diretor

Paulo Machline

Gênero

Comédia , Musical , Romance

Elenco

Filipe Bragança, Giovana Cordeiro, Emanuelle Araújo

Roteirista

Roberto Vitorino, Homero Olivetto, Paulo Machline, Thiago Dottori

Estúdio

Manequim Filmes

Duração

97 minutos

Data de lançamento

30 de maio de 2024

Em 1979, Magal, um dos artistas mais populares e celebrados do país, segue a rotina de shows e compromissos em Salvador. Durante um programa de TV, conhece a deslumbrante Magali e é acometido por uma paixão inédita e avassaladora. Para conquistá-la, precisará vencer a resistência de Jean Pierre, seu empresário passional, além da desconfiança da família, amigos e da própria Magali.

Ainda surfando na onda de filmes nacionais biográficos que começou ano passado e já teve Nosso Sonho, Mussum, Mamonas e Gal Costa, chegou a hora da história de Sidney Magal chegar às telonas. “Meu Sangue Ferve Por Você”, dirigido por Paulo Machline, toma a decisão de contar não a história inteira da carreira de Magal até agora, mas sim a história de amor entre o cantor e sua esposa Magali, que se conheceram no final dos anos 70 e seguem juntos até hoje. Sendo assim, tiramos o escopo de uma cinebiografia do cantor Sidney Magal e passamos a lidar mais com uma comédia romântica. Uma comédia romântica musical e brega, ainda estamos falando de Magal, afinal de contas. 

De todas as biografias previamente mencionadas, a de Mussum é, sem dúvidas, a mais eficiente, mas se fosse para rankear por nível de diversão, Meu Sangue Ferve Por Você assumiria o primeiro lugar. Sabe aquele amigo que não necessariamente conta piadas, mas que qualquer história contada por ele acaba sendo engraçada de qualquer forma? Essa é a sensação que o filme passa, genuinamente engraçado, sem precisar se esforçar para fazer rir. Além do roteiro, o mérito vai para o elenco afiadíssimo; é impressionante como todos os atores estão em sintonia e como até as falas mais singelas trazem verdade – e humor. É uma pena, no entanto, que essa potência não tenha sido explorada ao máximo e transbordado para os outros aspectos da produção.

“Meu Sangue Ferve Por Você” é divertido, é engraçado e envolvente, mas parece que ter consciência dessa qualidade inerente do elenco, fez com que o restante tenha sido feito entregando o mínimo. A direção é pouco ousada, a “breguice” característica de Magal está presente, mas falta um pouco mais para se assumir como um filme realmente brega, as cenas musicais são tão básicas que, quando acontecem, destoam do restante do filme. Nessas cenas musicais, inclusive, é quando alguns movimentos mais ousados se fazem presentes, como os filtros e efeitos de brilho e corações aparecem em cena, mas até eles são tímidos e parecem mais uma experimentação que acabou escapando da revisão final e não uma decisão artística. O roteiro, muito simpático com os personagens, não é tão generoso em relação à construção das tramas, que poderia ter se aprofundado muito mais e deixado menos “pontas soltas”. 

Pontos negativos elencados, volto a dizer que o filme é praticamente garantia de entretenimento, especialmente para quem já está familiarizado com Sidney Magal, aqui representado por Filipe Bragança, que não tenta imitá-lo, mas cria sua própria versão do charme que fazia com que mulheres se jogassem aos pés do intérprete de Sandra Rosa Madalena. Apesar de ser popularmente uma história de Magal, com poucos minutos de filme já podemos perceber que se trata, na verdade, da história de Magali. Giovana Cordeiro, que tem uma semelhança física impressionante com a Magali da vida real, se apropria da personagem de uma forma que (junto com sua família) a faz roubar a cena sempre que aparece, e Magal fica em segundo plano – e isso não é uma coisa ruim. O núcleo familiar de Magali é uma delícia de se assistir, principalmente Emanuelle Araújo como Graça, a mãe, ela entrega uma performance convincente da mãe rigorosa, mas amorosa e ainda por cima engraçada. Renan (Sidney Santiago), o tio de Magali e uma drag queen nas horas vagas, é igualmente interessante e reforça a potência do núcleo.

 

Por Júlia Rezende

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