6.8/10

Novocaine: À Prova de Dor

Diretor

Dan Berk e Robert Olsen

Gênero

Ação , Comédia

Elenco

Jack Quaid, Amber Midthunder, Ray Nicholson

Roteirista

Lars Jacobson

Estúdio

Paramount

Duração

110 minutos

Data de lançamento

27 de março de 2025

Quando a garota dos seus sonhos é sequestrada, um homem incapaz de sentir dor física transforma sua condição rara em uma vantagem inesperada na luta para resgatá-la.

Como seres humanos, estamos acostumados a ver a dor como um obstáculo, um impeditivo. Imagina só as coisas que poderíamos fazer se não fossemos parados pela dor. É um conceito interessante e promissor, mas não para Nate (Jack Quaid), que tem uma condição que o faz completamente insensível à dor (uma condição real, inclusive). Em vez de pensar na falta de dor como liberdade para algumas coisas, sua realidade o faz encarar como uma razão para não fazer nada que apresente o mínimo risco. Faz sentido, porque logo descobrimos que a vida de Nate não é fácil, ele não come nada sólido, porque tem a chance de mastigar sua língua sem perceber, todas as quinas de sua casa são protegidas por bolas de tênis, bebidas quentes são proibidas, porque pode estar quente demais e ele se queimaria sem perceber, seu alarme toca a cada 3 horas para lembrá-lo de ir ao banheiro, porque ele não sente a pressão e sua bexiga poderia vir a explodir. Nada na vida de Nate flui e isso se reflete em todos os aspectos – ele tem um bom emprego, como analista financeiro num banco, mas não tem uma vida social, já que nunca sai de casa, e seu único amigo é virtual.

O que chega mais perto de causar algum tipo de sensação em Nate é sua colega de trabalho, Sherry (Amber Midthunter), uma estagiária sem papas na língua e sem medo de se arriscar – o completo oposto de Nate. Apesar das diferenças entre eles, Sherry parece genuinamente interessada em Nate mas, quando as coisas entre eles começam a deslanchar, um grupo de bandidos vestidos de Papai Noel invade o banco em que eles trabalham, atiram nas pessoas presentes sem dó nem piedade e ainda sequestram Sherry. Nate é tímido, introvertido e cheio de receios, mas também é um grande romântico e, contrariando todos seus instintos de sobrevivência, decide ir atrás dos sequestradores; e assim, nós temos um filme de ação, mas que anda lado a lado com a comédia. A atuação de Jack Quaid, interpretando um tipo de personagem que já lhe é familiar, é perfeita para esse gênero: Nate não se parece com um super-herói, muito menos com os vilões (principalmente o violentíssimo Simon, vivido por Ray Nicholson) – ele nem ao menos tem grandes planos, mas seu carisma inegável e sua condição médica o transforma numa figura heróica de qualquer forma, ao mesmo tempo que permanece divertido. 

É claro que absurdos acontecem, assim como em 90% dos filmes de ação, mas Dan Berk e Robert Olsen, a dupla de diretores, sabem controlar tanto os absurdos quanto o gore para manter a história envolvente o bastante. A condição de Nate traz mil e uma possibilidades, e a grande maioria é explorada – ele se machuca de todas as formas possíveis e ainda se aproveita disso – mas não só o fato de Nate não sentir dor, mas também ele não ser capaz de nem mesmo compreendê-la, o que gera situações realmente engraçadas, potencializadas por Jack Quaid. Sherry também é uma personagem cativante em sua rebeldia, apesar de ter pouco a fazer, e dá um bom par com Nate. Os momentos compartilhados pelos dois são fofos, mas vez ou outra caem em clichês mais mornos e menos empolgantes, mas que não chegam a depreciar o filme. Entre erros e acertos, os acertos de Berk e Olsen têm muito mais peso ao construir uma comédia de ação convincente a partir de uma ideia simples, mas que funciona por ser bem trabalhada, sem pretensão de ser mais do que é. 

 

Por Júlia Rezende

8

Missão cumprida

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