O Assassino
Diretor
David Fincher
Elenco
Michael Fassbender, Tilda Swinton, Charles Parnell
Roteirista
Andrew Kevin Walker
Estúdio
Netflix
Duração
118 minutos
Data de lançamento
26 de outubro de 2023
Dono de uma filmografia impecável e de um estilo considerado por muitos como um dos mais pragmáticos e perfeccionistas da indústria, David Fincher está de volta com um trabalho que mais se aproxima de ser perfeito para o diretor. “O Assassino”, filme que teve estreia antecipada nos cinemas e chegará na Netflix em 10 de novembro, é estrelado por Michael Fassbender no papel de Assassino, seu nome verdadeiro um mistério e uma “piada” recorrente ao longo do filme. Dizer que o filme é estrelado por Fassbender não é uma hipérbole, ele é o centro de tudo, a todo tempo, e faz um bom trabalho em se manter como centro das atenções, com a ajuda da direção certeira de Fincher.
A (longa) cena de abertura é um ótimo e fiel indicativo das duas horas de filme que estão por vir. O Assassino está em Paris, esperando o momento perfeito para acertar seu alvo, mas esse não é um filme comum de ação e assassinos de aluguel e esse não é um assassino comum também. Aqui, vemos que perfeição vem com um preço: a prática. E essa prática envolve tudo de menos “glamuroso” nessa linha de trabalho, a burocracia, o tédio da tocaia, a paciência para calcular friamente cada movimento e a sabedoria para nunca fugir do planejado. Ele é o melhor no que faz, metódico, objetivo e focado, a reputação que o precede é que ele nunca erra, o profissional perfeito. Durante o tempo que espera sua próxima vítima, ele faz alongamento, ouve música, cita frases da literatura, controla os cochilos para descansar a mente mas se manter alerta. Disfarçado como um turista alemão (porque em suas observações descobriu que todos evitavam os turistas alemães), ele é mestre em ser invisível quando necessário. No entanto, quando seu alvo enfim aparece e, por um acidente milimétrico, ele erra e mata uma inocente no lugar, se vê numa situação inédita e de perigo iminente.
Não é como se ele não tivesse um plano para essa situação, afinal de contas ele tem todos seus passos antecipados, sempre, mas esse não é um acontecimento que ele realmente esperava e, ao voltar pra casa e descobrir que a equipe de “limpeza” dos seus contratantes já estavam agindo, machucando gravemente sua companheira (Sophie Charlotte), ele deixa de lado sua praticidade e faz o que jurou que não faria: leva para o lado pessoal e vai atrás de vingança. É a partir de seu improviso que a ação engrena e que o estilo desse assassino é colocado à mostra e à prova, seu status de invisível revogado, ele vai de atirador para alvo, com toda uma equipe em seu encalço. O assassino é o filme, com algumas pequenas participações, a mais importante sendo a Tilda Swinton, como uma personagem extremamente parecida com o próprio protagonista, apresentando uma real concorrência. Os diálogos são mínimos, mas eficientes quando presentes, o enredo é levado pelo visual e pela narração em voice-over do personagem de Fassbender.
“O Assassino” é um filme muito bem amarrado, não há pontas soltas, excessos ou ideias mirabolantes, mas sem se afastar de seu tema principal de um thriller criminal. Seu ritmo é estável, metódico como todo o resto, o que pode se tornar um tanto entediante caso você não se envolva com a história, mas Fincher constrói a narrativa com um equilíbrio entre elegância e suspense até mesmo nas cenas de luta e, apesar de ser mais difícil de se aproximar emocionalmente do protagonista, sua história ainda é instigante e, de certa forma, original.
Por Júlia Rezende