7.7/10

O Bastardo

Diretor

Nikolaj Arcel

Gênero

Drama

Elenco

Mads Mikkelsen, Amanda Collin, Simon Bennebjerg

Roteirista

Anders Thomas Jensen e Nikolaj Arcel

Estúdio

Pandora Filmes

Duração

127 minutos

Data de lançamento

12 de setembro de 2024

No século XVIII, na Dinamarca, o Capitão Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen) – um herói de guerra orgulhoso, ambicioso, mas empobrecido – embarca em uma missão para domar uma vasta terra inóspita na qual aparentemente nada pode crescer. Ele busca cultivar colheitas, construir uma colônia em nome do Rei e conquistar um título nobre para si mesmo. Essa área bela, porém hostil, também está sob o domínio do impiedoso Frederik De Schinkel, um nobre vaidoso que percebe a ameaça que Kahlen representa para seu poder. Lutando contra os elementos e bandidos locais, Kahlen é acompanhado por um casal que fugiu das garras do predatório De Schinkel. À medida que esse grupo de desajustados começa a construir uma pequena comunidade neste lugar inóspito, De Schinkel jura vingança, e o confronto entre ele e Kahlen promete ser tão violento e intenso quanto esses dois homens.

Em “O Bastardo”, Mads Mikkelsen brilha em seu idioma nativo, na odisseia da vida de um homem simples, porém determinado, que sonha em conquistar uma terra e um título numa Dinamarca do século 18. O filme, que fez parte da seleção do Festival de Veneza de 2023 e é a escolha dinamarquesa para tentar concorrer ao Oscar esse ano, é baseado no livro The Captain and Ann Barbara, de Ida Jessen, que, por sua vez, é baseado em eventos reais. Apesar do “fundinho” de verdade, é inegável a licença poética para dramatização dos fatos para que esse épico pudesse existir, e entreter, em sua totalidade. Com uma história longa e um enredo capaz de ir para muitos lugares diferentes, é o talento arrebatador de Mads Mikkelsen que permite que o filme continue centrado.

Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen) começa como um homem pobre e de pouca importância, embora tenha servido o exército quando mais jovem. O fato de ter nascido bastardo numa família pouco afortunada o impedia de qualquer crescimento social, mas Kahlen é um homem de muita determinação, perseverança e, principalmente, resiliência e quando surge a oportunidade, faz um acordo com o Rei da Dinamarca para colonizar uma terra selvagem e infértil em troca de um título de nobreza, sua própria mansão e servos. É uma grande promessa, mas só porque o rei tem certeza de que ele não conseguiria domar as terras que mais ninguém tinha interesse, já que se tratava de um urzal, um terreno baldio, arredio e sem qualquer perspectiva de, um dia, ser útil. O ceticismo de todos, no entanto, jamais abalou Kahlen, que tem certeza de que conseguirá, de alguma forma, fazer crescer batatas naquele solo e conquistar seu lugar ao lado dos nobres. Tudo que ele tinha era seu sonho, o terreno baldio e o apoio de um jovem padre (Gustav Lindh), que arruma um casal de fugitivos para trabalhar nas terras em troca de moradia e refeição.

Essa é apenas a introdução da longa jornada que é a vida de Kahlen em busca da realização de seu objetivo. Ainda há romance, já que a mulher fugitiva, Ann (Amanda Collin) acaba se apaixonando por Kahlen, há drama com um nobre inescrupuloso que clama ser o verdadeiro dono das terras que Kahlen tenta colonizar e não medirá forças para tirá-lo de seu caminho, há ação quando esses entraves se fazem necessários e sensibilidade quando Anmai Mus (Melina Hagberg) aparece nas terras de Kahlen e passa a fazer parte de sua vida, ela é uma menina cigana que é forçada a se separar de sua comunidade e decide ficar com Kahlen. Ela começa como apenas uma serviçal, mas logo conquista o afeto (ainda que a contra gosto) de Anmai e Ann. Todos esses acontecimentos são retratados com igual cuidado, fazendo com que pareçam filmes completos dentro de um filme maior. É um equilíbrio delicado fazer com que essas histórias sejam contadas e desenvolvidas uma a uma e ainda assim não se tornar cansativo, mas a direção de Nikolaj Arcel, junto com uma fotografia primorosa e grandes atuações, tornam esse feito possível.

 

Por Júlia Rezende

8

Missão cumprida

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