4.1/10

O Cara da Piscina

Diretor

Chris Pine

Gênero

Comédia , Drama

Elenco

Chris Pine, Annette Bening, Dany DeVito

Roteirista

Chris Pine e Ian Gotler

Estúdio

Diamond Films

Duração

100 minutos

Data de lançamento

06 de junho de 2024

A comédia acompanha Darren Barrenman (Chris Pine), um homem que passa seus dias cuidando da piscina do conjunto residencial Tahitian Tiki, em Los Angeles. Quando descobre uma conspiração para roubar a água da cidade, Darren fará o impossível para salvar sua preciosa Los Angeles.

Chris Pine tem uma carreira consolidada como ator (e galã) de Hollywood e costuma entregar um bom resultado, seja como herói, mocinho ou vilão, mas almejando novos objetivos, resolveu acumular mais uma função ao seu currículo e fazer sua estreia como diretor. Em O Cara da Piscina, Chris Pine é o ator protagonista, co-roteirista e diretor. Por mais que esse seja um movimento comum entre atores, nem sempre essa multifuncionalidade dá certo – ou funciona de primeira. O risco tomado por Chris Pine foi ainda maior, escolhendo um tema nichado (tão nichado que às vezes a impressão é de que ele é a única pessoa realmente conectada) e menos universal. Resumindo em poucas palavras, O Cara da Piscina é um filme estranho, em algum lugar entre o cringe e o incômodo. 

Não há nada de errado com filmes estranhos e um cineasta não deve deturpar sua arte apenas para que ela se encaixe em algum tipo de padrão aceito pela sociedade. Um dos meus filmes preferidos é um filme ainda mais estranho que O Cara da Piscina, Kajilionaire (Miranda July), mas com uma diferença imprescindível para qualquer obra de arte: ele tem algo a dizer e, principalmente, algo com o qual o espectador pode se relacionar. Em O Cara da Piscina, Chris Pine é Darren Barrenman, um homem barbado, com alma infantil, que mora num trailer no “quintal” de um hotel de beira de estrada em Los Angeles. Seu trabalho é limpar piscinas – ou melhor – limpar uma piscina, a do hotel. Ele limpa a piscina, faz o tratamento da água e nos tempos livres fica com sua namorada Susan (Jennifer Jason Leigh), seus amigos Jack (Danny DeVito) e Diane (Annette Bening) e frequenta a reunião da prefeitura com sugestões para melhorar a cidade de Los Angeles. 

Essa é a vida inteira de Darren e ele parece estar ok com isso, mas nem tudo na sua vida é tão simples, Susan reclama que Darren nunca presta atenção nela, ele faz terapia duas vezes na semana com Diane para tentar lidar melhor com seus sentimentos e seus pedidos sobre melhorias na cidade são sempre rejeitados. Essas informações são estabelecidas na história através de cenas longas, com diálogos rápidos e desconcertantes. Quase sempre tem mais de um assunto sendo discutido por vez e podemos sentir o intuito de seguir alguns traços da comédia, mas nem o gênero em si, nem os diálogos são levados até o fim e a sensação que fica é que nada é concluído de fato. 

Depois de uma das reclamações de Darren numa sessão pública da cidade, a misteriosa June Del Rey (DeWanda Wise) aparece em seu caminho para desenvolver a trama principal de O Cara da Piscina, um esquema de corrupção envolvendo o vereador Stephen Toronkowsky (Stephen Tobolowsky). June é um contraponto interessante tanto para Darren quanto para o filme como um todo, ela provavelmente é o único personagem desse filme que poderia ser levado a sério em qualquer filme, ao mesmo tempo em que se encaixa no estereótipo de femme fatale e faz o filme abraçar sua parte mais noir. 

O Cara da Piscina é feito de muitas referências, a principal delas sendo o filme Chinatown (com citações e até cenas exibidas), e elas evidenciam o tipo de filme que Chris Pine queria fazer, ainda que com seu toque pessoal, mas nunca chega lá. É curioso, inclusive, que um filme tão pessoal para Chris Pine (ou pelo menos que parece ser) chegue ao espectador como algo tão impessoal, desprovido de emoção. Darren deve ser o personagem que mais se aproxima de Chris Pine, o ator (e agora diretor) é conhecido por seu visual excêntrico quando fotografado por paparazzi, leva uma vida reclusa e está bem longe das redes sociais, sua direção deixa à mostra todo o apreço que ele tem pelo personagem, mas faltam características a Darren que possam fazer com que a gente possa sentir a mesma coisa. Num filme como esse, que já exige um certo nível de comprometimento do espectador, essa era a coisa que não podia faltar. 

O restante também não ajuda, a trama da corrupção faz pouco sentido e é apenas desinteressante. A relação de Darren com Diane e Jack, que são também suas figuras paternas, é um pouco mais interessante (Annette Bening e Dany DeVito são bons o suficiente para fazer algo genuinamente bom acontecer) e a relação com Susan também arranca uma risada ou outra, mas um dos pontos mais importantes do filme, um plot twist em relação ao vereador, é extremamente ultrapassado e pouco convincente ainda que, mais uma vez, seja possível perceber o carinho de Chris Pine com o tema. A boa intenção do diretor é clara, tem seus momentos de epifania, mas falha ao não saber focar em uma coisa só ou não se preocupar em fazer com que todos (ou pelo menos a maioria) goste do personagem tanto quanto ele.

 

Por Júlia Rezende

5

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