Os Rejeitados

A mais recente comédia dramática de Alexander Payne (Nebraska), “Os Rejeitados” (The Holdovers), explora conflitos de gerações, questões familiares e os desafios do luto. O filme chega aos cinemas nesta quinta-feira, 11 de janeiro, e já está gerando grande expectativa em Hollywood, tendo conquistado os principais prêmios do gênero de comédia no Golden Globes, incluindo Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Filme de Comédia ou Musical.

O longa conta a história de Paul Hunham (Paul Giamatti), um professor mal-humorado e metódico que é forçado a permanecer no campus para cuidar do grupo de alunos que não tem para onde ir durante as festas de final de ano. Ele acaba criando um vínculo improvável com um deles e com a cozinheira-chefe da escola.

O ator Paul Giamatti entrega uma das melhores atuações de sua carreira com um personagem estranhamente inteligente, cheio de manias e com problemas de saúde que são um tanto cômicos. O professor que ama disciplinas e de deixar a vida acadêmica dos alunos um inferno, consegue a cada aparição criar uma camada sobre sua personalidade e ao compreensão de alguns comportamentos que ele adota para seu estilo de vida. Já Dominic Sessa destaca-se ao interpretar Angus, o único jovem que resta para passar o Natal e Ano Novo na escola. Sua relação com o professor, embora inicialmente complexa devido às diferenças de idade e visão de vida, evolui de maneira envolvente ao longo do filme. As cenas entre Giamatti e Sessa, carregadas de comédia com piadas genuinamente engraçadas que demonstram a boa dinâmica entre os atores.

A atriz Da’Vine Joy Randolph, no papel da cozinheira Mary, contribui para a riqueza emocional da narrativa. Sua personagem, além de proporcionar um humor sarcástico, enfrenta o drama de perder seu filho na guerra. Essa subtrama adiciona profundidade à obra, tocando em temas de luto e superação. O mesmo se encaixa para o jovem Angus que vive dramas familiares que afetam sua saúde mental e até de sua personalidade.

No aspecto técnico, a meticulosidade de Alexander Payne é evidente ao recriar os anos 1970. Desde figurinos até o formato de filme em 35mm, a produção mergulha o espectador para dentro da década, ressaltando a autenticidade visual. O diretor utiliza o ruído na imagem para criar a sensação de assistir a um filme da época, consolidando a atmosfera nostálgica.

No entanto, o filme peca em sua duração de 2h, apresentando cenas que poderiam ser encurtadas para tornar a narrativa mais direta. A partir do segundo ato, é perceptível como a narrativa perde um pouco sua força e resolve focar em cenas que retratam momentos felizes ao demonstrar a amizade entre Paul, Angus e Mary, que vão revelando as nuances dos personagens de maneira um pouco forçada.

Com uma trama que promete arrancar risos e tocar o coração, “Os Rejeitados” é uma ótima opção de filme de natal. Destaca-se não apenas pela maestria de Alexander Payne na direção, mas também pelo talento do elenco. O diretor reforça que uma comédia de qualidade pode abordar temas profundos e envolventes nas complexidades das relações humanas.