6.9/10

Passagrana

Diretor

Ravel Cabral

Gênero

Ação , Comédia

Elenco

Wesley Guimarães, Juan Queiroz, Elzio Vieira, Wenry Bueno

Roteirista

Ravel Cabral

Estúdio

Intro Pictures

Duração

110 minutos

Data de lançamento

19 de setembro de 2024

“Passagrana”, acompanha uma trama intensa e repleta de adrenalina de Zoinhu (Wesley Guimarães), Linguinha (Juan Queiroz), Mãodelo (Elzio Vieira) e Alãodelom (Wenry Bueno), quatro amigos que enfrentam a dura realidade de viver à margem da Lei. Cansados de uma vida marcada por pequenos golpes e fugas constantes da polícia, eles veem uma oportunidade de assalto a um banco que promete mudar suas vidas. O que começa como uma chance de escapar da precariedade, rapidamente se transforma em um jogo de vida ou morte. Ao se depararem com policiais corruptos, o plano do grupo começa a desmoronar, e eles se veem envolvidos em uma trama cada vez mais complicada e perigosa.

Hoje em dia é muito comum associar o cinema brasileiro com filmes sobre crime e violência e se sentir pouco estimulado para assistir mais um filme “como todos os outros”, mas é nítido como todos nós perdemos com esse tipo de suposição. O cinema brasileiro tem expandido seus horizontes e possibilidades cada vez mais e a mais nova prova de que você pode fazer um filme com uma temática “batida” e ainda torná-lo algo único e, mais importante, extremamente divertido é o filme Passagrana. Escrito e dirigido por Ravel Cabral, o filme mistura comédia e ação num heist (ou filme de assalto) com brasilidade e qualidade suficiente pra não perder pra gringo algum.

“Passagrana” começa com Zoinhu (Wesley Guimarães), Linguinha (Juan Queiroz), Mãodeló (Elzio Vieira) e Alãodelom (Wenry Bueno) no centro de São Paulo dando um dos golpes mais tradicionais da praça até que são avistados pela polícia e fogem como quem já passou por essa situação muitas vezes, mas quando se envolvem com o pessoal errado e são obrigados a juntar uma grande quantia de dinheiro num prazo curto, aprendemos que eles não são um grupo comum de “marginais”. Primeiramente, eles têm o carisma a seu favor. Os quatro jovens têm uma química inegável e a dinâmica entre eles é do tipo que cativa desde o primeiro momento e só aumenta conforme vamos conhecendo suas personalidades mais a fundo. Cada um com seus pontos fortes, eles usam tudo que tem a seu dispor (muito mais intelectual do que físico) para ter sucesso num plano tão arriscado quanto ousado: roubar um banco.

O plano é assaltar um banco, mas com um assalto de cinema – literalmente. A ideia é usar atores para que eles acreditem estar apenas encenando um assalto, sem saber que se trata de um crime real. É uma ideia ousada até mesmo pensando no desenvolvimento do roteiro e qualquer exagero poderia tirar a história dos trilhos, mas o que Ravel Cabral faz com o roteiro e alinha perfeitamente com a direção resulta em algo inacreditavelmente crível e simplesmente divertido a todo tempo. Desde a construção e desenvolvimento do plano, quando outros personagens também são apresentados e até um romance é introduzido, com direito a participações especiais hilárias, até a concretização do roubo, o filme é capaz de prender sua atenção e faz torcer pelos ladrões sem que você ao menos se questione sobre as questões morais ao redor disso. Através de situações sutis e diálogos certeiros, a dura realidade desses garotos é apresentada de forma clara e direta e nos conectamos com cada um deles, tornando fácil entender o porquê deles tomarem as decisões que tomam.

“Passagrana” é um sopro de ar fresco e de esperança para o futuro do nosso cinema, os quatro atores protagonistas não são figurinhas carimbadas do cinema e televisão e fazem um trabalho tão bom que provam que ainda tem muito talento a ser conhecido no Brasil. Comédia, principalmente a que foge do “pastelão” é difícil de fazer, mas todos eles fazem parecer extremamente fácil, o que só ajuda na construção geral do longa. Enquanto o crime for uma parte tão contundente do nosso país e da nossa cultura, obras audiovisuais com essa temática continuarão a existir, mas (como prova “Passagrana”) isso não precisa ser algo negativo, desde que novas perspectivas sejam exploradas.

 

Por Júlia Rezende

9

Missão cumprida

pt_BR